O estresse, a ansiedade, o medo e a angústia são sentimentos que, em maior ou menor escala, muitos estão experimentando, alguns de forma inconsciente, mas que se expressam em momentos de agitação, raiva e impaciência. As crianças são um dos grupos que mais preocupam os especialistas. “Como a família inteira está sob pressão por conta das dificuldades do cenário atual, a rede de apoio das crianças acaba ficando fragilizada”, afirma Maísa Pannuti, supervisora do Serviço de Psicologia Escolar do Colégio Positivo. O abalo emocional na infância e adolescência pode ser representado por meio de irritação, inquietação, tédio, alterações do sono e do apetite e sinais de medo e insegurança, conta a psicóloga. E os pais devem ficar atentos aos sinais.
Segundo Maísa, ficar o dia inteiro trancado em casa pode afetar o desenvolvimento e o comportamento das crianças de todas as idades. A falta de atividade física, a exposição excessiva às telas e falta de contato com os colegas e professores contribuem para agravar o quadro. Mas a psicóloga alerta: “a tendência natural dos pais protegerem seus filhos, algumas vezes, pode levar à falsa interpretação de que eles estão sofrendo em demasia, dadas as limitações que a situação exige e, com isso, surge a dificuldade de alguns em relação à imposição de limites e de responsabilidades aos filhos, com medo de causar frustração às crianças”. E completa: “A família é o espaço mais protegido para frustrar-se e sofrer, pois é o local mais cheio de amor. Se a criança não aprender a lidar com as inevitáveis frustrações que a vida nos impõe, é possível que tente, na adolescência e na idade adulta, outros subterfúgios para sentir-se bem”.
Ou seja, é necessário impor rotinas de estudos, fazê-los ajudar nas atividades domésticas e nas responsabilidades com os pets, ao mesmo tempo em que presta atenção na sua saúde emocional. “Uma boa ideia é criar um quadro de tarefas para cada pessoa, incluindo as crianças pequenas. Atividades como molhar plantas, alimentar animais de estimação, guardar brinquedos e arrumar a cama são formas dos pequenos fazerem parte desse momento”, sugere.
Para ajudar a reduzir os problemas emocionais, a psicóloga indica que o contato com os colegas seja mantido, pelo menos via internet. “Incentivamos bastante nas escolas o trabalho em grupo, mesmo que de forma digital, para que o contato com os colegas, que é uma ferramenta poderosa de combate à depressão, não seja perdido”, conta. Além disso, momentos de jogos, filmes e debates em família também ajudam bastante no desenvolvimento da inteligência emocional dos pequenos. “O diálogo é o melhor remédio de todos”, finaliza Maísa.