Um novo remédio contra a obesidade no horizonte


O excesso de peso é uma condição muito comum no mundo todo. No Brasil, os dados indicam que mais da metade da população está acima do peso. E sabemos que os quilos a mais vêm acompanhados frequentemente de doenças como diabetes tipo 2, pressão alta, apneia do sono, gota e níveis elevados de colesterol e triglicérides. Até a infecção pelo coronavírus é potencialmente mais grave em pessoas com excesso.

Não é de hoje que pesquisadores buscam um tratamento para a obesidade que seja seguro, eficaz e mantenha os quilos perdidos no longo prazo. Pois é, não é nada fácil encontrá-lo. Para começo de conversa, o ganho de peso é multifatorial: fatores genéticos, psicológicos e sociais, assim como a idade e o estilo de vida, interferem positiva ou negativamente na história.

Por essas e outras, nem sempre medicamentos para obesidade conseguem atingir os resultados procurados pela ciência. E, muito importante, sua prescrição e uso não excluem as outras mudanças na rotina. Mas estamos vivenciando grandes avanços no tratamento do excesso de peso, como demonstram estudos apresentados no último Congresso Europeu de Diabetes, que este ano ocorreu em formato virtual.

O destaque contra a obesidade é um remédio injetável e de uso semanal chamado semaglutida. Ele já está aprovado inclusive no Brasil para o tratamento do diabetes tipo 2, mas em dosagem e esquema de uso diferentes. Mesmo nas pesquisas voltadas a pacientes com diabetes já se podia ver excelentes resultados no quesito perda de peso. Isso fez os cientistas olharem para o medicamento com outros olhos e investigarem seu papel direto no excesso de peso.

No congresso europeu, tivemos acesso aos estudos especificamente desenhados para obesidade. As injeções de semaglutida foram utilizadas em dose maior e diariamente. Os resultados foram surpreendentes! Pacientes ao redor dos 105 quilos tiveram uma perda de peso em torno de 17 quilos. São números nunca vistos antes no tratamento medicamentoso da obesidade.

Quanto mais os voluntários colaboraram com a mudança de hábitos, maior foi a perda de peso. Os estudos tiveram duração máxima de dois anos e meio e, nesse período, os pacientes conseguiram manter o peso perdido. Não houve o famoso reganho. Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, mas elas foram transitórias e mais frequentes nas primeiras semanas de tratamento.

A semaglutida para obesidade ainda não se encontra à venda. Isso deve acontecer após a finalização dos dossiês científicos e a avaliação e liberação pelas autoridades de saúde. É uma boa notícia no horizonte, mas que não nos autoriza a ignorar a recomendação de que os remédios antiobesidade são coadjuvantes no tratamento. Atividade física, alimentação saudável e outras atitudes  seguirão imprescindíveis.

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