Muitos fatores explicam o aumento de 189% dos casos de dengue em todo o país em comparação com janeiro e outubro do ano passado.
Esta é a avaliação da pesquisadora e chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Insetos do Instituto Oswaldo Cruz Rafaela Vieira Bruno.
Do início do ano até agora foram registradas 1,3 milhão de notificações da doença em todo o território nacional.
Em entrevista à CNN Rádio, ela explicou que o ideal é comparar os números com 2019 – já que pode ter havido subnotificação durante os anos de pandemia – e que há um aumento significativo da dengue mesmo assim.
“A gente pode atribuir esse aumento à alta da temperatura, o mosquito Aedes aegypti gosta de temperaturas elevadas, ele se desenvolve bem de 28 a 30 graus, e depois da seca vem a chuva, com a combinação perfeita para ele.”
O Centro-Oeste do país tem a maior incidência de casos, com mais de 2 mil notificações – e isso, segundo a especialista, está relacionado ao clima.
“As pessoas tendem a acumular água em alguns locais quando não há chuva e isso vira criadouro, na região há altas temperaturas com poucas chuvas”, disse.
Ela explica que se é necessário acumular água, deve-se cobrir o recipiente com uma tela para que a fêmea do mosquito não deposite ovos.
O controle dos mosquitos passa, para Rafaela, pela “ação integrada de vários agentes.”
“Aqueles que vão orientar os moradores e verificar possíveis criadouros, além de políticas públicas de recolhimento de lixo, já que uma tampinha de garrafa pode ser um ambiente para o mosquito.”
De acordo com a bióloga, “a ação conjunta do poder público, com agentes de vigilância e informar a população para verificar as próprias casas” são parte da solução.
Mesmo assim, a pesquisadora acredita que não é viável eliminar completamente o mosquito, e devemos aprender a conviver com ele e tomar essas medidas para reduzir a população dele.
CNN BRASIL