Probi[oticos podem trazer riscos à saúde e efeitos colaterais?


Os probióticos parecem estar em todos os lugares que você olha nos dias de hoje. Além de alimentos probióticos, como iogurte e kimchi, existem suplementos probióticos e produtos reforçados com probióticos, de bebidas e shots a cereais, batatas fritas e chocolates. Isso levanta a questão: você pode tomar probióticos à vontade?

Veja, a seguir, o que são os probióticos, como eles beneficiam seu corpo, possíveis efeitos colaterais e riscos e o melhor lugar para obter orientação sobre quanto consumir.

O que são probióticos?

Os probióticos são micro-organismos vivos que se destinam a trazer benefícios à saúde quando consumidos. Muitos dos micróbios encontrados em produtos probióticos são semelhantes ou iguais aos encontrados naturalmente no sistema digestivo humano. Os probióticos incluem bactérias, como Lactobacillus e Bifidobacterium, que beneficiam o corpo de várias maneiras. Algumas delas ajudam a digerir os alimentos ou a produzir vitaminas, enquanto outras combatem agentes causadores de doenças.

Outros benefícios potenciais dos probióticos incluem a prevenção do crescimento de microrganismos nocivos no intestino e o reforço da barreira intestinal. Este último ajuda a fortalecer as paredes do trato gastrointestinal para evitar que compostos como toxinas sejam absorvidos pela corrente sanguínea.

Uma revisão de pesquisas de 2019 analisou 45 estudos publicados anteriormente sobre suplementação de probióticos. Em adultos saudáveis, tomar esses suplementos pode levar a respostas mais fortes do sistema imunológico, melhor consistência das fezes e movimentos intestinais mais saudáveis, concluíram os pesquisadores. A revisão também vinculou o uso de probióticos a melhorias na saúde reprodutiva feminina, incluindo um aumento nas bactérias vaginais benéficas.

Onde os probióticos são encontrados?

Eles são encontrados em muitas formas, mas tecnicamente podem não estar em alguns dos alimentos que você associa aos probióticos. Por exemplo, muitas pessoas supõem que os alimentos fermentados, que são feitos por meio do crescimento controlado de micróbios, como o chucrute, sempre contêm probióticos. Mas, para que um alimento atenda à definição de probióticos estabelecida pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação e pela Organização Mundial da Saúde, os micróbios devem oferecer um benefício à saúde.

Nem todos os alimentos fermentados incluem micróbios com benefícios comprovados para a saúde. Em alguns deles, os micróbios podem não permanecer vivos no intestino após serem digeridos; e em outros, os micróbios vivos são destruídos pelo calor ou no processo de pasteurização.

Em geral, alimentos fermentados que contêm micróbios vivos incluem: kimchi tradicional, legumes fermentados, como chucrute não pasteurizado, iogurte ou kefir com os dizeres “contém culturas vivas” no rótulo. Mas, novamente, esses alimentos podem não atender à definição formal de probióticos. Eles podem conter quantidades muito baixas para fornecer os benefícios demonstrados em ensaios clínicos.

A maioria dos probióticos é vendida como suplementos alimentares. Em países como os EUA, esses produtos não são avaliados pela autoridade sanitária com o mesmo rigor de um medicamento, por isso a embalagem não pode alegar benefícios específicos à saúde. Já se um probiótico for comercializado como medicamento para o tratamento de alguma doença, ele deve atender a certos requisitos. Isso inclui segurança e eficácia comprovadas para o uso pretendido por meio de estudos clínicos e aprovação da FDA (Food and Drug Administration).

No Brasil, o uso de probióticos em alimentos requer prévia avaliação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), segundo requisitos da Resolução RDC nº 241, de 27 de julho de 2018. A avaliação efetuada contempla três elementos principais: comprovação inequívoca da identidade da linhagem do micro-organismo, de sua segurança e de seu efeito benéfico.

Qual é a quantidade certa de probióticos?

A dose necessária de probióticos varia muito dependendo da cepa microbiana e do produto, de acordo com a Organização Mundial de Gastroenterologia (WGO). Não é possível confirmar uma dose geral; a dosagem deve ser baseada em estudos em humanos mostrando um benefício para a saúde. Em outras palavras, o tipo e a dose devem corresponder à pesquisa de uma doença ou condição específica.

Para pessoas com condições de saúde específicas, estudos publicados fornecem algumas orientações sobre espécies, cepas e doses probióticas que podem aliviar seus sintomas. Mas para adultos saudáveis, atualmente não há diretrizes ou recomendações sobre o uso de probióticos, incluindo tipos ou quantidades.

Além disso, não há padronização quando se trata de produtos. Você encontrará uma grande variedade de suplementos alimentares com vários tipos e quantidades de bactérias e uma ampla gama de produtos alimentícios que possuem adição de probióticos. De acordo com a Organização Mundial de Gastroenterologia, a qualidade de probióticos depende do fabricante.

Efeitos colaterais dos probióticos

No geral, os probióticos têm um extenso histórico de uso seguro em pessoas saudáveis. Os efeitos colaterais geralmente são menores, como provocar gases. Até o momento, porém, poucos estudos analisaram sua segurança em detalhes, especialmente durante um longo período de tempo. Se você é uma pessoa saudável, provavelmente é seguro incluir alimentos probióticos, como iogurte com cultura viva, em sua dieta. Mas pergunte ao seu médico antes de passar a consumir suplementos probióticos.

É possível tomar muito – ou uma overdose – de probióticos? “Geralmente não”, disse Matthew Ciorba, professor na divisão de gastroenterologia da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, à Health. “Pode-se sentir desconforto gastrointestinal ou inchaço se tomar uma quantidade muito alta, dependendo do probiótico”, completou. Mas isso não seria considerado uma overdose.

Mas alguns especialistas ponderam que o consumo inadequado de certos tipos de suplementos com probióticos pode gerar uma condição conhecida como supercrescimento bacteriano no intestino delgado (Sibo), com sintomas de toxicidade como dores abdominais, gases, constipação ou diarreia, fadiga e falta de concentração. Assim, pessoas que decidem tomar um suplemento probiótico para a saúde digestiva devem avaliar se estão vendo algum benefício, como redução do desconforto gastrointestinal. Se não, pode não valer o dinheiro.

Riscos dos probióticos

As evidências até o momento sugerem que os riscos de tomar probióticos são maiores em pessoas com doenças graves, HIV, que passaram por cirurgia recente ou que tenham um sistema imunológico comprometido, incluindo aquelas em quimioterapia. Em alguns casos documentados envolvendo pessoas gravemente doentes ou imunocomprometidas, o uso de probióticos, que são micróbios vivos, foi associado a infecções sanguíneas que resultaram em doenças graves.

Por esta razão, o uso de probióticos deve ser supervisionado pelo médico para aqueles com função imunológica comprometida ou outras doenças graves subjacentes, e apenas cepas com benefícios comprovados para a condição do paciente devem ser usadas. Além disso, o uso de probióticos não deve substituir a terapia convencional.

 

Doutor Jairo/UOL

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