Dormir menos do que 5 horas aumenta risco de doenças para quem passou dos 50 anos


Estudo de universidades francesa e inglesa avaliou dados de mais de 7 mil pessoas por 25 anos.

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Adultos acima dos 50 anos que dormem menos do que cinco horas têm mais risco de desenvolver várias doenças crônicas, mostra um novo estudo assinado por pesquisadores da Universidade de Paris e da University College London. Os autores avaliaram 7864 pessoas durante 25 anos.

Sabe-se que a privação de sono está associada a uma maior chance de desenvolver diversos distúrbios, mas ainda não existem dados suficientes sobre a chamada multimorbidade, quando vários deles ocorrem ao mesmo tempo.

Na pesquisa, os pesquisadores avaliaram condições como diabetes, câncer, doenças coronarianas e renais, Parkinson, depressão, entre outras. Eles constataram que indivíduos acima dos 50 anos que dormiam cinco horas ou menos tinham um risco 30% maior de ter mais de um problema crônico comparados aos que dormiam 7 horas. Aos 60 anos, esse risco subiu para 32%; aos 70, para 40%.

“O sono é responsável por restaurar todas as nossas funções físicas e cognitivas. Fica fácil entender porque a falta dele aumenta o risco de tantos problemas”, diz fisioterapeuta e especialista em sono Carolina Vicaria Rodrigues D´Aurea, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Durante o sono o organismo se reequilibra. Na fase inicial, ocorrem vários processos, como redução da frequência cardíaca e respiratória, liberação de hormônios relacionados à saúde física e cognitiva, o controle da fome e da saciedade, além de haver uma diminuição da ativação cerebral.

“Se não dormimos bem ou o suficiente, todas essas funções podem sofrer alterações. Se houver associação com algum distúrbio do sono, pode ser ainda pior”, explica Carolina.

É por isso que dormir mal aumenta o risco de ganho de peso e suas consequências, como doenças metabólicas e cardiovasculares, além de distúrbios como a apneia obstrutiva do sono.

Estudos também sugerem que o sono reduzido favorece o acúmulo de gordura nas artérias. “Se já houver uma doença instalada, seu controle também fica mais difícil. Por exemplo, diabéticos terão mais dificuldade de controlar os níveis de glicemia”, afirma a especialista.

A falta de sono afeta o sistema imunológico e traz consequências cognitivas, como déficit de memória e dificuldade de concentração. Além disso, está associada à perda de massa muscular. Nos idosos, pode facilitar quedas pelo impacto no equilíbrio, além de aumentar a chance de doenças neurodegenerativas.

Quanto dormir?

Em geral, a recomendação é para dormir por pelo menos 6 horas. No entanto, a necessidade varia com a idade.

Na maioria dos adultos, esse tempo vai de 7 a 8 horas. Os idosos tendem a dormir menos, entre 6 e 7 horas, além de ser comum fazerem cochilos ao longo do dia. “Existem os chamados pequenos e longos dormidores, que terão mais ou menos necessidade de horas de sono por questões fisiológicas”, lembra a especialista.

Para uma boa higiene do sono:

  • Manter regularidade nos horários ao longo do dia, principalmente de dormir e acordar;
  • Evitar contato com os eletrônicos próximo da hora de dormir. A melatonina, hormônio indutor do sono, tende a diminuir com a idade. Além disso, sua produção ocorre no escuro. Daí a importância de evitar estímulos luminosos no ambiente;
  • Praticar alguma atividade física, em algum horário do dia que não comprometa o sono;
  • Idosos devem prestar atenção se os cochilos diurnos estão comprometendo o sono noturno. De dia, eles não possuem a mesma qualidade e podem roubar horas do sono principal.

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