Hipertensão é um fator de risco para doenças como o Alzheimer. Estudos com informações de 20 países foram revisados e, então, resultados foram publicados no ‘European Heart Journal’.
Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein
Manter a pressão arterial sob controle é uma forma efetiva de diminuir a chance de desenvolver demência. Embora essa relação seja conhecida pela ciência, ela acaba de ser reforçada por uma megarrevisão de estudos envolvendo 28 mil pacientes em 20 países, recém-publicada no “European Heart Journal”.
O trabalho avaliou artigos que usaram diferentes formas de tratar a hipertensão em indivíduos com idade média de 69 anos ao longo de 4 anos.
“O estudo oferece uma evidência robusta e mostra que reduzir a pressão arterial diminui o risco de demências degenerativas como o Alzheimer”, diz o neurologista André Felício, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Sabe-se que envelhecimento é o principal fator de risco não modificável para esse tipo de demência. “No entanto, os fatores modificáveis, aqueles que levam a risco cardiovascular, como hipertensão, diabetes, tabagismo, obesidade, são sem dúvida muito importantes”, completa o especialista.
A hipertensão causa alterações vasculares no cérebro que acabam levando à diminuição do fluxo sanguíneo. A queda no aporte de oxigênio e nutrientes favorece a morte de neurônios e o acúmulo anormal de proteínas. “Isso contribui para o desenvolvimento da doença neurodegenerativa que leva à demência”, explica Felício.
Porém, nem todas as demências têm relação com a pressão arterial. Alguns tipos não degenerativos, como a hidrocefalia de pressão normal, associada à deficiência de vitamina B12, têm outras causas e podem até ser potencialmente tratáveis.
Epidemia de demência
Estima-se que 50 milhões de pessoas no mundo sejam portadoras de demência e o número pode triplicar até 2050 devido ao envelhecimento populacional. Além de controlar a pressão, é preciso combater o tabagismo, o sedentarismo, a obesidade e o diabetes para minimizar o risco de desenvolver a doença.