Provavelmente você já ouviu falar do ômega-3, uma espécie de gordura proveniente de alguns alimentos. O que talvez você não saiba é que o ômega-3 pode ajudar no tratamento da síndrome do olho seco, além de proteger o sistema visual de uma maneira geral.
O ômega-3 é um composto formado por algumas substâncias, chamados de ácidos graxos, uma espécie de ‘gordura do bem’. Ele é essencial para regular diversas funções do organismo. A principal fonte de ômega-3 são os peixes de água gelada (atum, sardinha, salmão etc.).
Ao longo dos anos, estudos comprovaram que a suplementação de ômega-3 é capaz de reduzir processos inflamatórios envolvidos em diversas doenças. Além disso, o composto ajuda a melhorar a circulação sanguínea, as funções do sistema nervoso central, tem propriedades anti-hipertensivas e contribui na regulação do metabolismo.
Mas qual a relação do ômega-3 com o olho seco?
Uma das primeiras evidências clínicas do papel do ômega-3 para a saúde da superfície ocular veio de um grande estudo transversal, que envolveu mais de 30 mil mulheres.
A pesquisa demonstrou que a baixa ingestão de ácidos graxos ômega-3 aumenta o risco de desenvolver o olho seco. A partir disso, outros estudos foram realizados para avaliar o papel da substância na saúde da superfície ocular e na melhora dos sintomas do olho seco.
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, o olho seco é uma doença multifatorial que afeta a superfície ocular, cuja prevalência é 5% a 30% em pessoas com mais de 50 anos.
“A saúde da superfície ocular depende, principalmente, do filme lacrimal. Diversas condições podem prejudicar a qualidade e quantidade de lágrimas produzidas. A partir disso a pessoa pode desenvolver o olho seco, além de inflamação crônica nas glândulas sebáceas e nas pálpebras (blefarite e meibomite)”.
Entre os fatores de risco para o olho seco estão o estresse oxidativo, envelhecimento, alterações hormonais e processos inflamatórios.
Estresse oxidativo é o vilão
O processo natural do envelhecimento e a exposição da superfície ocular à luz solar são condições que aumentam o chamado estresse oxidativo.
“Trata-se de um fenômeno que causa danos nas células da superfície ocular. Esses danos podem causar um processo inflamatório crônico e alterar a produção do filme lacrimal e sua qualidade”, diz a oftalmologista.
O ômega-3, de acordo com os estudos, combate o estresse oxidativo. Além disso, tem efeito neuroprotetor, particularmente importante para a córnea, para a produção das lágrimas, para o reflexo de piscar e para a liberação de substâncias que mantêm a saúde da superfície ocular.
Por fim, o ômega-3 também atua na melhora da composição da parte gordurosa do filme lacrimal, produzida pelas glândulas sebáceas das pálpebras. Em muitos casos, o olho seco está diretamente à inflamação das glândulas de Meibômio, por exemplo.
Como usar o ômega-3
Embora o ômega-3 esteja presente em alimentos, principalmente nos peixes como atum e sardinha, nem sempre é possível obter as quantidades do nutriente que tenham o efeito terapêutico esperado.
Entretanto, a suplementação deve ser feita por profissionais, médicos ou nutricionistas, de acordo com a necessidade de cada paciente.
“O papel da nutrição na saúde ocular é cada vez mais importante. Muitos estudos estão em andamento e devemos ter nos próximos anos mais evidências dos benefícios de outros nutrientes, além do ômega-3 para o sistema visual”, finaliza Dra. Maria Beatriz.