Desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia da Covid-19, no dia 11 de março, as ações sanitárias voltaram-se, em grau maior, à prevenção da doença pela sua letalidade e alto grau de contágio. No Rio Grande do Norte, o registro de casos de Covid-19 levou à decretação do isolamento social como medida de prevenção e à priorização dos testes de coronavírus pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Lacen).
Considerando a alta demanda de testes do novo coronavírus, o Laboratório de Virologia da UFRN está auxiliando o Lacen-RN na investigação de outras viroses como dengue, zika e chikungunya, que também afetam a população do estado nestes tempos de Covid-19. Desde o ano de 2009, o Laboratório de Virologia da UFRN atua na investigação de casos de arbovírus no Rio Grande do Norte.
Segundo o professor Josélio Araújo, do Departamento de Microbiologia e Parasitologia e pesquisador do Instituto de Medicina Tropical (IMT), coordenador do Laboratório, o trabalho executado pela unidade com o Lacen tem sido de grande importância e já confirmou a circulação do vírus chikungunya em 20% dos casos suspeitos de infecção por arbovírus.
Esses dados, segundo o professor, “acendem o sinal de alerta para o risco de transmissão de chikungunya”. Ele destaca a necessidade de entender a situação epidemiológica da chikungunya no RN e de investigar mais casos, porque, “assim como a Covid-19, chikungunya pode causar formas graves e óbitos, principalmente em idosos e pessoas com comorbidades”.
Neste momento o professor Josélio Araújo recomenda, como fundamental, que a população reforce as medidas de eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypt, transmissor da dengue, zika e chikungunya, que prolifera em água limpa e parada. “Não podemos dar trégua”, alerta o professor, que também orienta a população a usar máscara e repelente neste momento de pandemia, minimizando a possibilidade de contágio pela Covid-19 e pela chikungunya.
Chuvas aumentam risco de chikungunya
O professor Josélio Araújo também chama a atenção para o período chuvoso que segue até final do mês maio e que favorece o acúmulo de água e a ocorrência de criadouros de mosquitos, aumentando o risco de chikungunya. Por isso, durante o isolamento social, quando as pessoas estão permanecendo mais tempo em casa, a recomendação do professor é “investir mais tempo na procura e eliminação dos criadouros do mosquito”.
Entre as ações de prevenção, vale lembrar: eliminar água armazenada que pode se tornar possível criadouro e dar atenção aos vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e até mesmo recipientes pequenos, como tampas de garrafas.
Sob a coordenação do professor Josélio Araújo, a equipe do Laboratório de Virologia da UFRN envolvida na investigação dos casos de arbovírus conta com Hannaly Wana Pereira (pesquisadora), Joelma Monteiro (doutoranda), Raíssa Pereira e Maria Eduarda Dantas (bolsistas de iniciação científica do CNPq).
Texto: Enoleide Farias
Foto: Cícero Oliveira
Fonte: ufrn.br