Proximidade e ‘estilo parental democrático’ para criação dos filhos são chave para bom relacionamento na adolescência


Estudo americano analisou dados de 1.631 pessoas durante a adolescência. 

 

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

 

Se é verdade que não há receita ideal para lidar com os filhos, tanto pior na adolescência.  No entanto, até eles se tornarem adultos, existem formas de construir uma boa relação. A dica vem de um estudo da Penn State University, um dos primeiros a avaliar como as atitudes dos pais nessa fase podem predizer a qualidade do relacionamento mais tarde. Para isso, os autores acompanharam 1.631 participantes desde o início da adolescência, com idades por volta dos 11 ou 12 anos, até completarem 22.

É comum haver um maior distanciamento na família à medida que os filhos crescem, com menos expressões de afeto e tempo juntos. No entanto, aqueles que mantém um alto nível de cordialidade, proximidade e envolvimento durante os anos mais turbulentos conseguem estabelecer uma boa relação na idade adulta, aponta a pesquisa. E isso independe da estrutura familiar e do nível socioeconômico.

Estilos de educar

Na tentativa de educar os adolescentes, seja para estimular certas atitudes ou coibir outras, os pais podem ficar meio perdidos. “Sabe-se que há estilos mais positivos do que outros”, diz a psicóloga Caroline Nóbrega de Almeida, do Hospital Israelita Albert Einstein. Nessa fase, os jovens querem ser respeitados e ter suas opiniões validadas. Então, é preciso explicar claramente as regras e as consequências.

Aqueles que adotam um estilo parental democrático conseguem estabelecer normas claras e limites com conversa, sem imposições, mesmo nos momentos de conflito.

“Assim é possível criar uma relação com diálogo e confiança”, diz Almeida. Essa disciplina tende a levar a menos confrontos mais tarde, já que quando os mais novos são incluídos na tomada de decisões, há mais chance de que concordem com os acordos e decisões combinadas.

Já famílias com estilo autoritário, que não admitem negociações, impõem regras absolutas e podem criar um ambiente de medo. “A longo prazo, elas formam adultos que não conseguem argumentar porque não tiveram a oportunidade de se colocar”, diz a psicóloga. Também podem apresentar problemas relacionados a habilidades sociais e baixa autoestima.

No outro extremo, estão os pais que adotam um estilo permissivo, com pouco manejo dos comportamentos inadequados dos filhos, que não estabelecem limites e não seguem as regras pré-estabelecidas. Essas crianças crescem com pouca tolerância à frustração. Estudos associam esse perfil a um maior risco de experimentação de álcool e drogas.

Cultivar a proximidade

Ainda que seja muito desafiador se manter próximo dos adolescentes enquanto eles buscam independência e autonomia, é preciso fazer esse esforço. Daí a importância de promover alguma atividade juntos, como esportes ou bicicleta, ou fazer passeios e sair para jantar de vez em quando: “essa relação de proximidade é construída ao longo dos anos. Se você cultivar bem, vai colher os frutos”, defende Almeida.

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