Léo Santana usa laser para voz durante maratona de Carnaval; veja o que se sabe sobre a técnica


Conhecida como laserterapia, recurso é usado na fonoaudiologia contra a fadiga dos músculos envolvidos na produção da voz.

O cantor Léo Santana está usando uma técnica com laser que promete melhorar a performance e evitar a fadiga dos músculos envolvidos na produção da voz. Pelas redes sociais, o fonoaudiólogo Adhemar Rocha mostrou o uso de um aparelho na região do pescoço e no nariz do cantor durante a maratona de shows no Carnaval.

  • A técnica é popularmente conhecida como laserterapia: o uso de um laser em tecidos e músculos com fins terapêuticos;
  • A prática é usada em várias áreas da medicina. Na fonoaudiologia, a laserterapia tem uma ação anti-inflamatória e analgésica, reduzindo a fadiga e a tensão vocal.

“Na voz, principalmente agora nesse carnaval, os principais benefícios são uma melhora da recuperação muscular, já que existe um desgaste pela alta demanda, e uma melhora nos processos inflamatórios. O laser melhora o rendimento vocal, atuando diretamente nos músculos envolvidos na produção da voz” , Vanessa Mouffron, fonoaudióloga.

Como funciona?

 

A terapia por fotobiomodulação, nome científico da técnica, consiste no uso de uma fonte de luz – no caso, o laser – para melhorar o funcionamento celular e trazer respostas terapêuticas ao organismo.

Vanessa Mouffron, que escreveu o primeiro livro sobre o assunto no Brasil e atualmente dá cursos de capacitação na área, afirma que, na fonoaudiologia, o foco é na musculatura localizada na região da laringe, onde ficam as cordas vocais, ou em outros músculos e locais envolvidos na produção da voz, como na língua ou no palato mole (atrás do céu da boca, onde fica a “campainha”).

Ao ser aplicado nesses pontos, o laser atua diretamente nas células, como se entregasse “energia” para o tecido ou para o músculo,melhorando o desempenho e ajudando na recuperação após uso extremo.

No caso de Léo Santana, o cantor aparece recebendo o laser na região da laringe (pescoço), justamente onde ficam as cordas vocais, que estão sendo bastante exigidas nos últimos dias, principalmente por causa de “Zona de Perigo”, um dos hits desse Carnaval.

“O uso do laser propicia o aumento de produção de energia intracelular e consequentemente isso vai levar ao músculo a um melhor funcionamento. Ele evita que o músculo entra em fadiga e ainda melhora o desempenho”, explica a fonoaudióloga.

A técnica também pode ser aplicada em outras áreas direta ou indiretamente associadas à produção da voz: em uma das imagens, Léo Santana aparece com o equipamento em cima de uma das narinas.

“Nesse caso, aumenta a capacidade de aeração nasal, como se desobstruísse o nariz, melhora o fluxo de ar, melhora a percepção de entrada de ar na via área, o que melhora de forma indireta a produção da voz”, afirma Vanessa.

Laser é fraco e não causa danos

A fonte de luz usada por fonoaudiólogos é de baixa potência, bem diferente de outros lasers usados para depilação ou em cirurgias, por exemplo. Geralmente, os equipamentos emitem luz vermelha ou infravermelha de baixa intensidade, e não causam queimaduras ou danos na pele.

Vanessa Mouffron alerta que a laserterapia não é um método isolado e é aplicado junto com outras técnicas relacionadas ao cuidado da voz, como exercícios vocais. Seu uso também depende das necessidades de cada paciente.

“A quantidade de luz que será usada, o tipo de luz, vai dentro de um raciocínio clinico do profissional que está acompanhando o artista. Não é um método isolado. É um dos instrumentos que o fonoaudiólogo tem para trabalhar com esses cantores”, afirma a profissional.

Prática é liberada no Brasil

O uso de laser de baixa intensidade na fonoaudiologia é regulamentado no Brasil por uma resolução de 2021 do Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFF). A Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBF) também possui um documento com orientações sobre a técnica.

As pesquisas científicas em torno dos benefícios da laserterapia no trato da voz ainda são escassas, mas estão avançando, segundo a fonoaudióloga Vanessa Mouffron.

“Os estudos clínicos mais avançados na área foram feitos com atletas dentro da medicina esportiva”, diz.

G1

 

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