O trabalho, publicado na Nature Genetics na segunda-feira (13), agrupou mais de 60 mil mulheres com a doença e outras 700 mil sem a enfermidade. O objetivo era comparar o código do DNA de cada voluntária. Isso, segundo os pesquisadores, ajudaria a fornecer evidências sobre os processos biológicos que são a base para o início e a progressão da doença.
Segundo Grant Montgomery, diretor de Genômica de Distúrbios Reprodutivos do Instituto para Biociência Molecular, na Austrália, antes desse estudo havia 17 regiões genéticas associadas à endometriose; agora, sabe-se que são 42. “Isso significa que podemos descobrir o que os genes nessas regiões fazem e encontrar novos alvos de drogas, levando a novos tratamentos”, avalia o cientista, em comunicado.
Dores crônicas
Montgomery estuda a genética da endometriose há mais de 20 anos e considera que o estudo foi um passo importante para melhorar o tratamento e o diagnóstico. Quanto mais dados forem obtidos, mais rápida será a identificação da doença. Hoje, o diagnóstico pode levar de oito a 10 anos.
Os autores relatam no estudo que observaram correlações genéticas significativas entre endometriose e 11 condições de dor, incluindo enxaqueca, dor nas costas, bem como condições inflamatórias, incluindo asma e osteoartrite.
“Essa base genética compartilhada entre endometriose e outros tipos de dor aparentemente não relacionada pode indicar ‘sensibilização” do sistema nervoso central’”, explica Sally Mortlock, médica e parte da equipe de estudo. “Isso torna as pessoas que sofrem de dor crônica mais propensas a outros tipos de dor”.
As descobertas abrem novos caminhos terapêuticos. “Talvez, em alguns casos, seja necessário pensarmos em tratamentos para a dor em vez de tratamentos hormonais”, comenta a especialista. Segundo os autores, mais investigações direcionadas entre mecanismos geneticamente regulados e compartilhados entre endometriose e outras condições de dor são necessárias para permitir o diagnóstico precoce.