Estresse favorece desenvolvimento do Alzheimer, aponta estudo


Redução de fatores de risco modificáveis, como estresse, má alimentação e sedentarismo, poderia reduzir declínio mental e perda de memória na velhice.

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

O estresse favorece o desenvolvimento do Alzheimer e de outras demências, de acordo com um artigo americano recém-publicado no Journal of the American Medical Association (Jama). Adultos que vivem sob maior tensão têm mais chances de experimentar declínio mental e perda de memória na velhice. Esse novo estudo se destaca por ser um dos poucos a avaliar um número considerável de pacientes, uma vez que os autores acompanharam quase 25 mil voluntários com mais de 45 anos ao longo de quatro anos.

Os pacientes passaram por avaliações sobre a percepção do próprio estresse e capacidades cognitivas. No final, aqueles que tinham maior pontuação nos níveis de tensão desempenhavam pior resultado nos testes de memória. Isso ocorreu mesmo após levar em conta variáveis como nível socioeconômico e outros problemas de saúde, como males cardiovasculares. 

“Não é novidade que o estresse impacta a cognição de forma aguda e crônica, sendo considerado um dos fatores de risco modificáveis para Alzheimer”, diz a neurocientista Claudia Figueiredo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele está associado com modificações hormonais e inflamatórias que podem afetar o cérebro, além de problemas de sono e queda no sistema imunológico. O esgotamento também favorece comportamentos pouco saudáveis, como tabagismo e sedentarismo. 

Para os autores, o resultado sugere a necessidade de rastrear o problema e planejar intervenções para reduzir o risco de perda cognitiva em adultos mais velhos. Além disso, reforça a hipótese de que a alta prevalência de demência em grupos minoritários raciais e étnicos pode ser atribuída, em parte, aos maiores níveis de estresse enfrentados por essa população, entre eles baixo status socioeconômico e discriminação. 

Fatores de risco modificáveis

Segundo os autores do estudo, estima-se que uma redução entre 10% e 25% em fatores de risco modificáveis, como estresse, má alimentação e baixa atividade física, poderia prevenir 1,3 milhões de casos de Alzheimer no mundo todo. 

Ainda assim, são necessários mais estudos para entender como aspectos sociais e comportamentais associados ao estresse afetam diferentes grupos para planejar intervenções capazes de prevenir o declínio cognitivo. 

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