Atividade física reduz risco de desenvolver a doença de Parkinson


Pesquisa inédita mostra que quanto o maior é a intensidade e o tempo de exercício,
menor o risco de desenvolver a doença em relação a quem se exercita pouco


Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

A atividade física regular pode reduzir o risco de as mulheres desenvolverem a doença de Parkinson em até 25%, conforme demonstrado em um trabalho inédito publicado na revista científica Neurology, conduzido por pesquisadores franceses da Universidade Paris-Saclay. Até agora, alguns estudos haviam mostrado resultados inconsistentes, especialmente em relação aos benefícios para pacientes do sexo feminino.

Os autores observaram que o risco de desenvolver Parkinson diminui à medida que aumenta o nível de atividade física. Aquelas que praticavam mais exercícios, tanto em termos de tempo quanto de intensidade, apresentaram um risco 25% menor em comparação àquelas que se exercitavam pouco.

Segundo o artigo, além de melhorar sintomas motores e não motores da doença, a atividade física pode prevenir ou retardar o desenvolvimento da doença. “Os estudos sugerem praticar exercícios de quatro a cinco vezes por semana por, pelo menos, 40 minutos, sendo que vários tipos parecem ser benéficos, como dança, esteira, hidroterapia, bicicleta”, diz o neurologista Andre C. Felicio, do Hospital Israelita Albert Einstein.

O Parkinson é uma doença neurodegenerativa, crônica e progressiva, causada pela queda na produção de dopamina, um neurotransmissor envolvido nos movimentos voluntários do corpo, levando à perda do controle motor e a sintomas característicos, como lentidão, rigidez nas articulações e tremores em repouso, além de desequilíbrio, entre outros.

“O efeito benéfico dos exercícios é melhor nos estágios iniciais”, explica o neurologista. Pesquisas em modelos animais mostram que o exercício induz a produção de fatores neurotróficos, substâncias que atuam no crescimento e na sobrevivência dos neurônios.

A pesquisa acompanhou quase cem mil voluntárias (95.354) ao longo de três décadas, a partir de dados de um estudo epidemiológico realizado entre 1990 e 2018 com trabalhadores da área da educação, sendo a grande maioria professoras. Nenhuma tinha a doença no início do acompanhamento.

“É um estudo interessante porque analisa exclusivamente mulheres, que em geral são menos acometidas pelo Parkinson”, diz Felicio. Outro diferencial, segundo o especialista, é que a metodologia empregada também excluiu a possibilidade de as pacientes se exercitarem menos por já estarem em uma fase inicial, pré-clínica, da doença.

Ao longo do estudo, a atividade física foi avaliada por meio de seis questionários, que incluíam perguntas detalhadas sobre a distância caminhada diariamente, se a pessoa precisava subir escadas, tempo gasto semanalmente em tarefas domésticas leves e pesadas, atividades recreativas moderadas (como jardinagem ou esportes de intensidade moderada) e exercícios vigorosos.

Embora não haja cura para a doença, é possível manter os sintomas sob controle com o uso de medicamentos. Alguns pacientes podem se beneficiar da estimulação cerebral profunda, que utiliza uma espécie de marca-passo implantado cirurgicamente para produzir um estímulo elétrico capaz de modular as estruturas nervosas que causam os sintomas.

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