Vírus causa lesões que podem levar a tumores de colo de útero e pênis, entre outros; uso de preservativos e vacina é fundamental para prevenir a infecção.
Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein
Um terço dos homens é portador do vírus do HPV, o papilomavírus humano, e um em cada cinco está infectado com um ou mais subtipos de alto risco, que estão relacionados ao câncer. O alerta é da Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir de uma revisão de estudos publicada no The Lancet Global Health.
O artigo avaliou a prevalência da infecção com base em trabalhos publicados entre 1995 e 2022, incluindo dados de 35 países. O tipo mais prevalente encontrado foi o 16, considerado de alto potencial oncogênico, seguido do 6, também associado a tumores. Os homens mais afetados em todos os países são os adultos jovens, principalmente na faixa dos 25 aos 29 anos. Segundo os autores, os resultados mostram que homens sexualmente ativos, independentemente da idade, são reservatórios da infecção genital e, portanto, é necessário aumentar as medidas de prevenção.
O HPV é transmitido principalmente por via sexual, seja vaginal, anal ou oral. Na maioria dos casos, o sistema imunológico consegue eliminá-lo rapidamente, mas, em outros, o vírus pode permanecer latente no organismo e ser reativado anos depois, resultando em verrugas genitais e lesões que têm o potencial de evoluir para câncer. O tratamento varia de acordo com as características, como o número de lesões, o tamanho do tumor e a área afetada. Pode incluir o uso de pomadas com ação imunológica, cauterização das lesões e excisão cirúrgica.
Dos mais de 100 subtipos do vírus, aproximadamente 40 estão relacionados a infecções genitais. Dentre eles, alguns estão especialmente associados a um maior risco de câncer de colo de útero, vagina, ânus, pênis e tumores malignos na orofaringe.
“Trata-se de um vírus muito comum e extremamente transmissível. A enorme maioria da população, cerca de 70%, vai entrar em contato com ele em algum momento”, diz o urologista Daniel Suslik Zylbersztejn, do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenador do Fleury Fertilidade.
Nem sempre os sintomas são visíveis, e pode haver microlesões difíceis de identificar. Existem exames específicos capazes de detectar o material genético do vírus para confirmar a infecção, como o exame de detecção de DNA pela técnica de PCR em tempo real, que também pode identificar o subtipo do HPV infectante. É importante destacar que até mesmo portadores assintomáticos podem transmitir o HPV.
Como prevenir o HPV?
“Além de usar preservativo nas relações sexuais, a vacina é fundamental pois prepara o sistema imune para responder melhor a uma infecção, ajudando a combater o vírus”, diz o médico. Zylbersztejn ainda lembra que “mesmo o uso do preservativo não previne 100% a infecção pelo HPV, pois o vírus pode estar em áreas da região genital não coberta pelo dispositivo, sendo por isso a vacina um método importante de redução de riscos”.
A vacina é segura e previne a infecção pelos quatro tipos mais prevalentes e associados a tumores. Está disponível na rede pública para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, além de homens e mulheres imunossuprimidos, como portadores do HIV e transplantados, até 45 anos de idade. Na rede privada, já é possível encontrar a nova vacina nonavalente, que foi recentemente introduzida no Brasil e protege contra 9 subtipos do HPV.