Ultraprocessados: os quatro sinais de que você pode estar viciado nesses alimentos, como 14% da população


Especialistas pedem que alguns produtos sejam rotulados como viciantes para alertar as pessoas sobre os riscos de seu consumo

Um em cada sete adultos e uma em cada oito crianças podem ser viciados em alimentos ultraprocessados , de acordo com um estudo publicado recentemente na revista científica British Medical Journal. Diante disso, especialistas pedem que alguns produtos sejam rotulados como viciantes.

Um crescente número de estudos tem associado o consumo de alimentos ultraprocessados — como margarina, salgadinhos, biscoitos, frios, embutidos, alimentos industrializados entre outros — a um aumento do risco de problemas de saúde, incluindo um risco aumentado de câncer, aumento de peso e doenças cardiovasculares.

O consumo desse tipo de produto só aumenta no Brasil e no mundo e, de acordo com os pesquisadores dos Estados Unidos, Brasil e Espanha, a forma como algumas pessoas consomem esses alimentos poderia “atender aos critérios para o diagnóstico de transtorno por uso de substâncias”.

A equipe analisou 281 estudos, de 36 países diferentes, e estimou que a “dependência de alimentos ultraprocessados” ocorre em 14% dos adultos e 12% das crianças.

Os comportamentos que poderiam atender a esses critérios incluem: desejos intensos, sintomas de abstinência, menor controle sobre a ingestão e uso continuado, apesar de consequências como obesidade, transtorno da compulsão alimentar periódica, pior saúde física e mental e menor qualidade de vida.

De acordo com os pesquisadores, se alguns alimentos ricos em hidratos de carbono e gorduras fossem oficialmente classificados como “viciantes”, isso poderia ajudar a melhorar a saúde através de mudanças nas políticas sociais, clínicas e políticas.

“Existe um apoio convergente e consistente para a validade e relevância clínica da dependência alimentar. Ao reconhecer que certos tipos de alimentos processados têm propriedades de substâncias viciantes, poderemos ajudar a melhorar a saúde global”, disse Ashley Gearhardt, autora correspondente do artigo e professora de psicologia na Universidade de Michigan, nos EUA, em comunicado.

Alexandra DiFeliceantonio, professora assistente do Fralin Biomedical Research Institute e coautora do novo trabalho, ressalta que embora as pessoas possam parar de fumar, beber ou jogar, elas não conseguem parar de comer, avalia a coautora . O desafio, e a questão aberta e controversa, é definir quais alimentos têm maior potencial para dependência e por que.

“Carboidratos ou gorduras refinados evocam níveis semelhantes de dopamina extracelular no corpo estriado do cérebro aos observados com substâncias viciantes, como a nicotina e o álcool. Com base nesses paralelos comportamentais e biológicos, os alimentos que fornecem altos níveis de carboidratos refinados ou gorduras adicionadas são fortes candidatos a uma substância viciante.”, escreveram os autores.

A velocidade com que estes alimentos fornecem hidratos de carbono e gorduras ao intestino também pode desempenhar um papel no seu “potencial viciante”, completaram.

Além disso, os aditivos usados nesses alimentos também podem contribuir para o vício, pois podem “tornar-se poderosos reforçadores dos efeitos das calorias no intestino”.

Os pesquisadores enfatizam que nem todos os alimentos têm potencial viciante. Embora sejam necessárias mais pesquisas para determinar como exatamente os ultraprocessados desencadeiam uma resposta viciante, os alimentos ricos em carboidratos e gorduras refinados são “claramente consumidos em padrões de dependência” e resultam em resultados prejudiciais à saúde.

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