Estudo realizado na Flórida constatou os efeitos positivos do zika vírus em camundongos com neuroblastomas, câncer infantil grave
O zika vírus pode ser usado como terapia para tratar pacientes com alguns tipos de câncer, de acordo com um grupo de especialistas do centro de pesquisas do Nemours Children’s Hospital, na Flórida, Estados Unidos.
Segundo os resultados publicados na última terça-feira (9/1) na revista Cancer Research Communications, o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti é capaz de reduzir a expressão de uma proteína que se desenvolve em excesso no organismo de pacientes com, por exemplo, neuroblastomas.
O neuroblastoma é um tumor geralmente encontrado nas glândulas que ficam em cima dos rins. Ele é responsável por uma em cada sete mortes de pacientes com câncer infantil. Pode haver um nódulo ou compressão de tecidos na área afetada, e os sintomas podem incluir fadiga, perda de apetite e febre.
Atualmente, o tratamento para neuroblastoma consiste no uso de medicamentos para quimioterapia, cirurgia e radioterapia. “Estamos esperançosos de que esse estudo abrirá caminho para uma melhor sobrevida de pacientes com a doença”, afirma o líder da pesquisa, Matthew Davis, em entrevista ao DailyMail.
Tratamento com zika
O experimento foi realizado com camundongos. Os roedores foram diagnosticados com neuroblastomas que expressavam altos níveis da proteína CD24, relacionada ao desenvolvimento da doença.
Metade dos camundongos recebeu uma solução salina e o restante foi injetado com o zika. Os pesquisadores observaram que o vírus tem como alvo a CD24 e, em pacientes com altos níveis da proteína, o zika reduziu o tamanho do tumor.
Durante quatro semanas, os pesquisadores monitoraram os tumores três vezes por semana. Os ratinhos que receberam doses mais altas do zika tiveram eliminação completa dos neuroblastomas, sem sinais de recorrência. Por outro lado, os tumores nos ratos que receberam solução salina aumentaram até 800%.
“Com validação adicional, o zika vírus pode ser uma terapia-ponte extremamente eficaz para pacientes com neuroblastoma de alto risco. Também vemos potencial para o uso no tratamento de crianças e adultos com outros tipos de câncer que expressam altos níveis de CD24”, destaca Davis.
METRÓPOLES