Entre os ‘segredos de saúde’ praticados nessas faixa etária estão não ter vergonha de gargalhar, conversar consigo mesmas e se movimentar
Quando se trata de felicidade e da possibilidade de viver bem, podemos aprender muito com as crianças.
Hasan Merali, professor de pediatria na Universidade McMaster e médico de emergência pediátrica, tratou milhares de pacientes com idades entre 1 e 5 anos. Em seu livro “Sleep well, take risks, squish the peas: secrets from the science of toddlers for a happier, more successful way of life” (Durma bem, assuma riscos, esmague as ervilhas: segredos da ciência de crianças para um modo de vida mais feliz e bem-sucedido, traduzido do inglês), ele escreve que esse grupo tem uma má reputação que não condiz com a realidade.
— Eu não gosto muito quando usam o termo “terríveis 2 anos”. Por acaso, nós pensamos em rotular outra faixa etária assim? — questiona o pediatra.
Ele reconhece que crianças de 1 a 5 anos fazem seus chiliques e têm acessos de raiva, mas as pesquisas sugerem que eles ocorrem, em média, uma vez por dia e duram três minutos.
No restante do tempo, garante Merali, as crianças pequenas são modelos de bem-estar. Ele compartilhou alguns bons hábitos, comuns entre o público menor de 5 anos, que podem melhorar sua saúde física e mental.
Experimente se motivar sozinho em voz alta
As crianças pequenas tendem a aprender melhor quando falam sozinhos e repetem comandos em voz alta.
De acordo com Merali, se as crianças não têm vergonha de falar consigo mesmas, você também não deveria ter. A pesquisa sugere que, para os adultos, essa prática, aliada à motivação e positividade expressas em voz alta, pode ajudar na resolução de problemas, no aprendizado, na confiança e no gerenciamento de suas emoções.
Aproveite qualquer oportunidade para se mover
Crianças de 2 anos ficam ativas quase cinco horas por dia, de acordo com uma revisão de 24 estudos publicada em 2020 no periódico médico International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity. Eles se movem com alegria e instintivamente, afirma Merali.
Os adultos podem procurar maneiras de se movimentar mais, mesmo que seja apenas por um minuto. Dê uma volta rápida no quarteirão ou assista uma reunião em pé, em vez de permanecer sentado. Se você estiver sozinho em casa, faça o que Kelly McGonigal, psicóloga de saúde da Universidade de Stanford, chamou de “karaokê de corpo inteiro”, isto é, cante e dance a sua música favorita.
Breves práticas de atividade são estratégias comprovadas para aumentar a longevidade se somarem 10 minutos por dia. Ficar de pé por três minutos a cada meia hora também pode ajudar a controlar o açúcar no sangue.
Você também pode encontrar maneiras de estar perto de crianças pequenas, “uma felicidade incomparável”, garante Merali. A organização sem fins lucrativos Generations United apresenta um banco de dados nacional de programas e atividades intergeracionais.
Faça perguntas
As crianças não têm medo de fazer perguntas, afirma Merali. Um estudo descobriu que eles faziam em média 107 perguntas por hora.
Os adultos foram socializados para conter suas perguntas, porque muitas vezes estamos preocupados com o que as outras pessoas pensam, explica Merali. Mas fazer perguntas não só nos ajuda a obter informações, mas também é uma forma importante de construir relacionamentos, ele recomenda.
Defina melhor seu horário de sono
As crianças lidam melhor com a rotina, e ter uma programação com horários consistentes para acordar e ir dormir ajudará você, afirma Alberto Ramos, neurologista do sono e pesquisador da Escola de Medicina Miller da Universidade de Miami.
Se sua programação permitir, e se você tiver vontade, cochilar também traz uma série de benefícios, incluindo pensamentos e tempo de reação mais aguçados e melhoras na sua memória.
Contanto que você não esteja lidando com a insônia, que pode piorar com um cochilo, o neurologista recomenda um descanso curto – 20 a 30 minutos no máximo – no início da tarde.
Procure rir mais
As crianças “vêem o mundo como um clube de stand-up comedy”, escreve Merali. Um estudo descobriu que as crianças riem seis vezes mais que os adultos. Mas podemos buscar maneiras de incorporar diversão e humor em nossos dias.
Ouça um podcast de comédia ou troque textos bobos com alguém, aconselha Merali. Pesquisas mostram que você ri mais quando está com amigos, então reserve um tempo para eles, ele sugere.
— Recebo diariamente uma piada de pai. E durante meu horário de almoço, assisto vídeos engraçados para crianças — o especialista comenta.
JORNAL O GLOBO