Além dos cuidados como distanciamento social, cuidadores e profissionais devem estar atentos aos problemas como ansiedade, tristeza e depressão em pessoas da terceira idade
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 27 de junho, o Brasil tinha 1,313 milhão de casos de Covid-19, com mais de 57 mil mortes. Entre os mortos, 38.744 foram pessoas acima dos 60 anos de idade, com destaque para a faixa entre 70 e 79 anos, com 13.351 mortes. Com a curva de notificação de casos em crescimento, o prazo indefinido para o fim do distanciamento social, torna-se um dos principais desafios para a população idosa.
“Casos de surtos de doenças infecciosas, como a que estamos vivendo com a pandemia de Covid-19, tendem a aumentar sentimentos como ansiedade, estresse, solidão, tristeza e depressão. Quando voltamos a nossa atenção para os idosos, percebemos que a preocupação deles é consigo e com os seus entes queridos, criando um cenário propício para, possivelmente, o agravamento de problemas crônicos como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares”, afirma Dra. Maisa Kairalla, especialista em Geriatria e Presidente da Comissão de Imunização da SBGG.
Se os idosos, de maneira geral, estão fragilizados em muitos aspectos de sua vida social, aqueles que residem em Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) estão ainda mais suscetíveis. Ainda assim, a Comissão Especial COVID-19 da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) recomenda a manutenção da suspensão das visitas em ILPI.
Para que não haja um agravamento na saúde emocional e, possivelmente, na saúde física desses idosos, algumas ações são recomendadas. A primeira coisa a ser feita é substituir as visitas presenciais pelas visitas virtuais. “Na ausência de visita nas ILPIs, o uso de celular ou tablets para manter contato com amigos e familiares é essencial. Caso o idoso não tenha tanta intimidade com esses aparelhos e nem ajuda de um cuidador, a ligação de um telefone fixo continua sendo fundamental. Nestes casos, é ainda mais importante a qualidade da conversa, descreve a especialista da SBGG.
Ainda falando dos cuidados para a não transmissão para os idosos que vivem em ILPIs, os profissionais de saúde. “Além do cuidado de higiene e no uso dos EPIs, como lavar constantemente as mãos, usar máscaras etc, muitos desses profissionais precisam de recursos, treinamento e, até mesmo amparo psicológico para enfrentar a pandemia. É necessário lembrar que esses idosos são pessoas que eles conhecem e cuidam há anos”, salienta a Dra. Maisa Kairalla.
Outro ponto a se atentar é não superexpor os idosos a notícias sobre a pandemia. “Não é necessário isolar o idoso do que está acontecendo, mas sobrecarregá-lo de informações, principalmente de uma doença que acomete principalmente pessoas de sua faixa etária pode trazer prejuízos ao seu estado emociona. Ao invés disso, procure incentivar a realização de atividades como leitura de livros, assistir filmes etc”, avisa o Dr. Carlos André Uehara, Presidente da SBGG
Por fim, é importante que os profissionais de saúde que lidam com pessoas da terceira idade já começam a traçar planos para a transição desta fase de distanciamento. “Não sabemos quando terminará a necessidade de distanciamento social, mas quando isso acontecer, será necessário a adoção de uma série de novas práticas relacionadas à vida dos idosos. A pandemia nos trouxe lições que perdurarão para o resto de nossas vidas”, finaliza a Dra. Maisa Kairalla.