Câncer de pele: avanços na imunoterapia têm revolucionado tratamento do melanoma avançado


Doença depende do diagnóstico precoce para um prognóstico favorável

O câncer de pele é uma preocupação crescente no Brasil e representa cerca de um terço de todos os casos diagnosticados. Entre os tipos do tumor, o melanoma se destaca como o mais grave devido à alta possibilidade de metástase. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) revelam que anualmente são registrados aproximadamente 185 mil novos casos de câncer de pele. Embora o melanoma represente somente 1% desse número, ele é responsável pela maioria das mortes causadas por esse tipo de câncer no Brasil.

Conforme o Melanoma Brasil, anualmente são registrados cerca de 2 mil óbitos devido à doença, e o maior número de casos se concentra nas regiões Sul e Sudeste. Para o triênio de 2023-2025, o INCA estima 8.980 novos casos de melanoma no País, sendo 4.340 em mulheres e 4.463 em homens.

Diagnóstico precoce e prevenção

Diante da agressividade da doença, o diagnóstico precoce é crucial para o sucesso no tratamento. “O principal alerta é para os casos de câncer de pele do tipo melanoma, que, quando diagnosticado em estágio inicial, apresentam maior taxa de sucesso no tratamento. Por isso, a importância de a população estar atenta aos sinais”, completa Nani Pinho, Diretora Médica da Bristol Myers Squibb”.

O melanoma frequentemente se manifesta na pele, surgindo como manchas, sinais ou lesões que podem ter diversas aparências. Entre 20% e 30% dos casos se desenvolvem em pintas já existentes, enquanto uma proporção ainda maior, de 70% a 80%, surge em áreas saudáveis da pele.

Em casos de suspeitas, inicialmente, é realizado um exame dermatológico, que avalia sinais, pintas de nascença e outras áreas pigmentadas, observando características como cor, forma e textura.

Quando há alterações em alguma dessas lesões, exames complementares como a dermatoscopia e mapeamento corporal total, podem ser empregados.

Um método simples, denominado ABCDE, pode ajudar o paciente a identificar se uma lesão de pele é suspeita de melanoma:

  • Asimetria: um lado da lesão é diferente do outro.
  • Borda: bordas irregulares ou borradas.
  • Cores: presença de mais de um tom.
  • Diâmetro: lesões com diâmetro superior a 5 milímetros.
  • Evolução: mudanças na forma, cor ou tamanho da lesão.

Já entre as medidas de prevenção para o câncer de pele, estão as recomendações já conhecidas por grande parte do público, mas que precisam ser reforçadas durante o verão: evitar a exposição excessiva ao sol, (principalmente entre as 10h e as 16h), proteger a pele dos raios ultravioleta, usar filtro solar de forma adequada, com fator de proteção mínimo de 30 – aplicando ainda em casa, e reaplicado ao longo do dia a cada 2 horas, se houver muita transpiração ou exposição solar prolongada.

Avanços no tratamento: um futuro promissor

Nos últimos anos, os avanços na imunoterapia têm revolucionado o tratamento do melanoma avançado. A combinação de medicamentos, conhecida como dupla imunoterapia, tem mostrado resultados positivos.

Em 2024, foi publicado um acompanhamento do estudo fase III CheckMate 067, que completou uma década. A pesquisa testou novas terapias que atuam no sistema imunológico para combater o melanoma, comparando três abordagens: o uso isolado e a combinação de duas moléculas.

Esse tipo de terapia supera a defesa das células malignas, permitindo que o combate à doença seja realizado pelo próprio sistema imune do paciente. Os resultados mostraram que os pacientes que receberam a combinação da dupla imunoterapia tiveram uma mediana de sobrevida de 71,9 meses, enquanto aqueles que usaram apenas a imunoterapia isolada viveram em média 19,9 meses.

Os dados de sobrevida específica de melanoma (MSS), mostraram que mais de 50% dos pacientes que receberam a combinação de imunoterapia estavam vivos após uma década, com uma mediana de MSS ainda não atingida. Estes resultados sugerem que pacientes com melanoma avançado estão vivendo tempo suficiente para vir a falecer por outras causas.

Para aqueles que estavam sem progressão da doença aos três anos, as taxas de sobrevivência em 10 anos foram de 96% no grupo da combinação. Outro dado de muito impacto refere-se aos dados de OS (Sobrevida Global) e MSS em pacientes com PFS (Sobrevida livre de progressão) aos 3 anos, mostrando que dos pacientes que estão livres de progressão aos 3 anos, mais de 85% estavam vivos em 10 anos. E olhando a MSS isso aumenta ainda mais, com mais de 96% dos pacientes vivos para aqueles que receberam a imunoterapia combinada.

Em 2024, a área ainda contou com um grande marco: a introdução de um terceiro inibidor de checkpoint imune, que amplia o perfil dos pacientes que podem se beneficiar desse tipo de tratamento.

“A descoberta dos inibidores de checkpoint imunológico representa uma revolução na história da medicina. Esses medicamentos transformaram o tratamento do câncer, prolongando a sobrevida e proporcionando novos tratamentos para pacientes em todo o mundo”, finaliza Nani.

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