Neste sábado, 5 de julho, às 15h, o Parque das Dunas, em Natal (RN), será palco de um evento gratuito voltado à conscientização sobre anafilaxia — uma reação alérgica grave e potencialmente fatal, que pode ser desencadeada por alimentos comuns, medicamentos ou picadas de inseto. A ação, que marca o encerramento da Semana Mundial da Alergia, é organizada pela ASBAI-RN (Associação Brasileira de Imunologia e Alergia do RN) e promete unir informação e mobilização.
A anafilaxia ainda é pouco conhecida fora do meio médico, mas seus efeitos são rápidos e perigosos. Em questão de minutos, o corpo pode reagir com urticária, inchaço, coceira, queda brusca de pressão arterial, dificuldade para respirar e até parada cardíaca. Os gatilhos são, muitas vezes, alimentos presentes no dia a dia — leite, ovos, trigo, amendoim, crustáceos — além de medicamentos, como dipirona, e picadas de abelhas ou formigas. Em muitos casos, os primeiros sintomas surgem tão rapidamente que o paciente não consegue sequer pedir ajuda.
É o que sabe bem Letícia Maria, 21 anos, que desde os seis meses de idade convive com uma alergia severa ao trigo. Sua primeira crise ocorreu ainda bebê, após tomar uma sopa aparentemente inofensiva. Foi salva por uma intervenção rápida do pai, que a encontrou roxa e sem ar no berço. Desde então, Letícia aprendeu a reconhecer os menores sinais de reação, como coceira nos pulsos ou garganta quente, e não sai de casa sem sua caneta de adrenalina — um dispositivo autoinjetável importado, que pode conter uma crise em segundos até que o atendimento médico chegue.
Letícia será uma das participantes do evento no Parque das Dunas. Ela vai compartilhar sua trajetória e mostrar ao público como usar corretamente a caneta de adrenalina. Além disso, médicos alergistas farão palestras explicativas sobre o que é anafilaxia, como identificar os sintomas, quando agir e o que deve constar em um plano de ação personalizado para pacientes alérgicos. A programação também inclui a distribuição de materiais informativos e espaço para perguntas do público.
O evento é parte de um esforço maior de conscientização sobre a gravidade da anafilaxia, condição que tem crescido no Brasil — foram mais de 1.100 casos registrados em 2024, segundo estimativas da ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia). Especialistas e associações defendem a liberação da caneta de adrenalina pelo SUS, já que o dispositivo ainda não é aprovado para comercialização no país, e a importação é cara: um par de canetas pode custar até mil dólares.
No entanto, enquanto a aprovação não vem, a principal ferramenta para salvar vidas é a informação. Saber reconhecer os sinais, agir com rapidez e orientar familiares, escolas e ambientes de trabalho pode fazer toda a diferença. O encontro deste sábado é um convite a todas as pessoas — alérgicas ou não — para que se tornem parte dessa rede de cuidado e prevenção.
Se você vive com alguma alergia, conhece alguém que convive com essa condição ou simplesmente quer aprender a agir diante de uma emergência, o evento deste sábado é para você. A entrada é gratuita e o aprendizado, inestimável.
