Dor na lombar não é normal: o que fazer antes que afete sua rotina


Milhares de pessoas no mundo sofre com lombalgia, a dor que afeta a base da coluna e interfere na rotina, no bem-estar e na vida profissional. Saiba o que causa, como tratar e, principalmente, como evitar.


Ela pode surgir discretamente, depois de uma noite mal dormida ou de um simples movimento errado. Em outros casos, a dor se instala como um incômodo persistente que insiste em não desaparecer. A lombalgia — dor localizada na parte inferior das costas — já é uma das principais causas de afastamento do trabalho no Brasil e no mundo, impactando milhões de pessoas.

Apesar de ser tão comum, a dor lombar pode — e deve — ser evitada com atenção à postura, atividade física e acompanhamento médico adequado. Para entender melhor o problema, conversamos com o Dr. José Eduardo Martinez, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, que explica as causas da lombalgia, os tratamentos disponíveis e como o estilo de vida influencia diretamente na saúde da coluna.

O que é lombalgia e por que ela atinge tanta gente?

A lombalgia é a dor que afeta a região lombar da coluna, área responsável por sustentar boa parte do peso do corpo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 40% da população mundial vai sofrer com esse tipo de dor ao longo da vida.

“A lombar é uma estrutura complexa, composta por vértebras, músculos, ligamentos, nervos e tendões. Qualquer sobrecarga ou desequilíbrio nesse sistema pode provocar dor”, explica o Dr. Martinez.

Entre os fatores mais comuns estão a má postura, o sedentarismo, o excesso de peso e até questões emocionais, como o estresse crônico.

Nem toda dor nas costas é igual: as diferentes causas da lombalgia

O especialista alerta que a dor nas costas pode ter várias origens — e entender a causa correta é essencial para um tratamento eficaz. Veja as principais classificações:

  • Mecânica ou postural: provocada por postura inadequada, movimentos repetitivos ou sobrepeso.

  • Degenerativa: como artrose ou “bico de papagaio”, mais comum em pessoas idosas.

  • Inflamatória ou autoimune: como espondilite anquilosante e artrite psoriásica, que também podem afetar jovens.

  • Muscular (miofascial): associada a tensão crônica e estresse, frequentemente sem lesões aparentes.

📌 O diagnóstico deve ser clínico, com base na história do paciente e exame físico detalhado. Exames de imagem ou laboratoriais são solicitados apenas quando há suspeitas específicas.

Por que o reumatologista é essencial — e os riscos da automedicação

Muitas pessoas procuram diretamente um ortopedista ou recorrem a medicamentos por conta própria. Mas, segundo o Dr. Martinez, quando há suspeita de doenças inflamatórias ou dor crônica, o mais indicado é procurar um reumatologista.

“O balcão da farmácia não substitui o consultório. Automedicação com anti-inflamatórios pode trazer sérios riscos, especialmente para idosos, como problemas gástricos e renais”, alerta o especialista.

Cada caso deve ser analisado individualmente, com base em um plano terapêutico ajustado ao perfil do paciente.

Tratamento vai além do remédio: estilo de vida é parte da cura

O tratamento da lombalgia não se limita ao uso de analgésicos. Envolve uma abordagem multidisciplinar e mudanças concretas no dia a dia. Entre as principais recomendações:

  • Atividade física regular: exercícios leves e orientados, que fortaleçam a musculatura da coluna.

  • Controle do peso e alimentação equilibrada.

  • Sono de qualidade: descansar bem ajuda a reduzir a percepção da dor.

  • Terapias complementares, como acupuntura e fisioterapia.

  • Adaptação do ambiente de trabalho (ergonomia).

Em casos crônicos, a dor pode persistir mesmo sem lesão ativa, devido à sensibilização do sistema nervoso, como ocorre na fibromialgia. Nesses casos, o tratamento deve considerar também a saúde emocional e o manejo do estresse.

Prevenir é mais fácil do que parece: movimento, atenção e mudança de hábitos

A melhor forma de lidar com a lombalgia é evitá-la antes que ela se torne limitante. Pequenas atitudes podem gerar grandes resultados:

  • 🪑 Sente-se com a postura correta, com apoio para a lombar.

  • 🏃 Evite ficar parado por muito tempo: levante-se e movimente-se regularmente.

  • 🧘‍♀️ Inclua exercícios na rotina, mesmo que sejam leves.

  • 🥗 Cuide do peso e da alimentação.

  • 😴 Respeite os sinais do corpo: dor é um aviso, não um estado normal.

“Dor nas costas não é normal. É um sinal claro de que algo precisa mudar. Se você quer um resultado diferente, precisa começar com uma atitude diferente”, conclui o Dr. Martinez.

Dor nas costas é comum, mas não deve ser ignorada

A lombalgia pode parecer inofensiva no início, mas quando negligenciada, tem potencial para comprometer a qualidade de vida e a saúde mental. Com acompanhamento especializado e mudanças de hábito, é possível não apenas tratar, mas evitar que ela se torne um obstáculo para viver com liberdade, mobilidade e bem-estar.

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