Pesquisa mapeia foco de leishmaniose em Natal e indica áreas de risco


Marlon Gabriel de Ascom IMT/UFRN

Pesquisa desenvolvida no Instituto de Medicina Tropical do Rio Grande do Norte (IMT/UFRN) analisa a distribuição espacial da leishmaniose visceral na comunidade de Nordelândia, localizada no bairro Lagoa Azul, em Natal (RN). Intitulada Análise Espacial do Perfil Epidemiológico de Leishmania infantum em Nordelândia, Lagoa Azul (Natal/RN), a investigação, resultado do Trabalho de Conclusão de Curso do estudante Kezmy Alves, tem orientação da professora Selma Jerônimo, diretora do IMT, e coorientação da bióloga Joanna Valverde.

Vetor transmite o parasita após se alimentar do sangue de um hospedeiro infectado, geralmente cães – Foto: Rovena Rosa – Agência Brasil

Os resultados da pesquisa revelam um aumento na concentração de flebotomíneos contaminados por Leishmania entre 2021 e 2023 na área de estudo. As médias de contaminação variaram de 0,24 (menor) a 3,58 (maior) em 2021, com um total de 339 flebotomíneos capturados. Em 2022, as médias foram de 0,05 a 1,89, com 228 capturas. Já em 2023, as médias oscilaram entre 0,00 e 5,68, com 382 capturas. Além disso, a pesquisa apontou que cães apresentam 3,25 vezes mais chances de infecção por Leishmania em comparação com as pessoas residentes do bairro. Esses dados contribuem para a compreensão dos impactos da doença na saúde pública local.

O estudo utiliza ferramentas de análise espacial para mapear a concentração de áreas geográficas com ambientes ideais para sustentar o crescimento do vetor Lutzomyia longipalpis, conhecido como mosquito-palha. Os dados apontam um número expressivo de flebotomíneos contaminados por Leishmania infantum, o patógeno que causa a Leishmaniose visceral, sugerindo alta endemicidade da leishmaniose visceral na região.

A pesquisa envolve o ciclo de transmissão da Leishmania infantum, protozoário que provoca a leishmaniose visceral,  tanto em humanos quanto em cães. A L. infantum é encontrada na América Latina,  na Europa e no norte da África. Em humanos, trata-se de uma doença crônica que, sem diagnóstico e tratamento adequados, pode levar à morte em até 5% dos casos. Por sua vez, em cães, quando ocorre infecção há maior risco de adoecer e de morte.

O vetor transmite o parasita após se alimentar do sangue de um hospedeiro infectado — geralmente cães —, mantendo a circulação do agente infeccioso entre animais e seres humanos. A presença de reservatórios em domicílios e condições ambientais propícias, principalmente áreas com matéria orgânica em decomposição, amplia o risco de infecção na área estudada.

Atualmente as pessoas são mais resistentes a desenvolverem leishmaniose visceral, mesmo quando infectadas, devido a fatores como melhor nutrição e vacinação. Logo, a vacinação é essencial e em crianças se torna mais efetiva, pois eleva os fatores de proteção, permitindo melhorar a defesa contra outros patógenos. Vale ressaltar que crianças eram os indivíduos  mais afetados pela doença até o início do novo milênio, no entanto, nos últimos 20 anos, tornaram-se mais resistentes e a doença passou a aparecer com mais frequência entre adultos jovens.

UFRN

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