Especialistas discutem avanços no uso da estimulação cerebral para tratar depressão, TOC, dependência química e outras condições neuropsiquiátricas.
O módulo de neuropsiquiatria do 7º Congresso Brasileiro de Neuromodulação apresentou avanços e novas perspectivas para o uso da estimulação cerebral em condições que vão além das doenças neurológicas. O psiquiatra Rafael Benatti, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e integrante do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação/Estimulação Magnética Transcraniana do IPq HC-FMUSP, moderou a mesa e destacou que a neuromodulação tem mostrado bons resultados em casos de depressão, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e, mais recentemente, na dependência de substâncias — já com aprovações pelo FDA, nos Estados Unidos, e pelo órgão regulador europeu.
Benatti explicou que a escolha da técnica e da área de estimulação deve levar em conta o sintoma-alvo de cada paciente, o que pode exigir abordagens diferentes para condições como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o TDAH, embora ainda não haja aprovações formais para esses diagnósticos. “Quanto antes tratarmos, maiores as chances de evitar que o quadro se torne refratário. Nosso papel é divulgar essas possibilidades e mostrar que existem alternativas seguras e eficazes quando os tratamentos convencionais não trazem a resposta esperada”, afirmou.
O módulo de neuropsiquiatria abordou temas como:
- TOC – tratamento neurocirúrgico e neuromodulação invasiva, com Rafael Benatti
- Transtornos somáticos – aplicação de técnicas de neuromodulação, com Rafael Benatti
- Esquizofrenia – intervenções para sintomas positivos e negativos, com Rafael Benatti
- Dependência química – novas evidências e aprovações internacionais, com Rafael Benatti
- TEA e TDAH – estudos sobre áreas de estimulação e impacto no comportamento e funções executivas, com Rafael Benatti
A neuropsicóloga Joisa Araújo participou como congressista e aproveitou a oportunidade para se atualizar com as evidências científicas mais recentes. “Foram apresentados dados importantes sobre TEA, TDAH e esquizofrenia. Ainda há muito a ser pesquisado, mas precisamos integrar a neuromodulação a outros tratamentos de forma segura, com base nas evidências”, afirmou.
Integrante da equipe do Instituto Santos Dumont, Joisa atua nas avaliações neuropsicológicas pré-cirúrgicas de pacientes com Parkinson e epilepsia que serão submetidos à neuromodulação. “O objetivo é garantir que a intervenção seja ainda mais efetiva e personalizada”, completou.
O congresso segue reunindo especialistas de diferentes áreas, promovendo troca de experiências e divulgando os avanços que podem transformar a prática clínica e ampliar o acesso dos pacientes a tratamentos inovadores.