Burnout entre líderes: um desafio crescente para a saúde emocional na gestão


Dados apontam que seis em cada dez líderes enfrentam sintomas de burnout, a síndrome do esgotamento profissional

Em um mundo cada vez mais acelerado, onde a pressão por resultados é constante, muitos líderes se veem emocionalmente esgotados. Thalita Bragança, especialista em Liderança de Alta Performance e Desenvolvimento Humano, explica que “vivemos numa era acelerada, onde as pessoas desejam a prontificação para ontem, e quem não está nesse ritmo fica para trás.”

Segundo ela, quem permite ser contagiado por esta urgência, sofre as consequências. Esse cenário é confirmado por dados da Nascia, organização internacional especializada em saúde ocupacional, que indica que seis em cada dez líderes apresentam sintomas de burnout, a síndrome do esgotamento profissional. Uma condição que deixa de ser problema restrito à linha de frente para atingir as posições de liderança com intensidade crescente.

Para Thalita, a raiz desse esgotamento está na pressão interna e externa que os líderes sentem para se enquadrar. Ela destaca que a maioria dos líderes aprendeu a liderar apenas com foco em resultado e entrega, mas nunca foi treinado para lidar com o que vem antes disso: a autogestão emocional.

“A liderança exige tomada de decisão sob pressão, clareza em meio ao caos e influência sobre outras pessoas. Sem preparo interno, o que sobra é sobrecarga, culpa e sensação de insuficiência, afetando a saúde física, mental e até relacional. O líder se doa tanto que se esquece de si”, explica a especialista.

Sobre o que pode ser feito para evitar esse colapso emocional, Thalita aconselha que o primeiro passo é parar de normalizar a autossabotagem disfarçada de produtividade. “Muitos líderes não descansam, não pedem ajuda, não dizem não e chamam isso de comprometimento. Mas, na verdade, é um ciclo invisível de auto abandono”, relata.

Ela indica que os líderes precisam desenvolver três pilares fundamentais: autoconsciência para reconhecer seus limites e gatilhos; autonomia emocional para não depender do externo para se manter bem; e ritual de equilíbrio, inserindo pequenas práticas de regulação mental no dia a dia. “A liderança começa na mente. E quem cuida de si, lidera melhor os outros,” reforça Thalita.

Além dos impactos pessoais, ela alerta para as consequências nas organizações. “Líder emocionalmente esgotado desengaja a equipe, toma decisões precipitadas, cria ambiente inseguro ou instável, e pode adoecer ou pedir desligamento de forma repentina. O prejuízo não é apenas humano. É estratégico e financeiro”, revela a palestrante e mentora de líderes.

Empresas atentas já investem na saúde emocional de suas lideranças, algo que, segundo Thalita, “é cuidar da cultura e do lucro ao mesmo tempo.” Ela destaca ainda que a atenção a esse tema ganhará mais força com a Norma Reguladora 1, que valoriza o bem-estar mental do trabalhador para um ambiente saudável e produtivo.

Para auxiliar líderes a superar esses desafios, Thalita desenvolveu o método L.I.D.E.R 360°. “Esse método surgiu a partir da observação de lideranças enfraquecidas, onde registrei os principais pontos que os líderes deixavam a desejar, e como isso impactava negativamente nos resultados junto à equipe”, conta.

O método contempla cinco pilares integrados: liderança consistente, inteligência emocional, decisões assertivas, engajamento e resultados consistentes e contínuos.

“Muitas vezes as pessoas dizem que não tem técnica ou não tem o perfil, só que eu digo que ela nao tem mentalidade. O líder precisa ter mentalidade para conseguir os resultados que precisa”, ressalta Thalita.

 

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