Especialista explica como descanso adequado regula hormônios, controla o apetite e potencializa resultados de dieta e exercício
Dormir bem é um dos principais pilares de uma vida saudável, mas o impacto do sono vai muito além da sensação de descanso. Nos últimos anos, diferentes estudos vêm comprovando que noites maldormidas podem ser um dos maiores obstáculos para quem busca perder peso de forma sustentável.
De acordo com uma pesquisa publicada na revista JAMA Internal Medicine em 2022, indivíduos que aumentaram a duração do sono para pelo menos 8 horas por noite consumiram, em média, 270 calorias a menos por dia, o que resultou em perda de gordura corporal ao longo de algumas semanas. Já noites curtas ou de má qualidade estão associadas a alterações hormonais importantes, como o aumento da grelina (hormônio da fome) e a redução da leptina (hormônio da saciedade), favorecendo episódios de fome descontrolada e maior consumo de alimentos ultraprocessados.
Para o médico Fábio Gabas, fundador da HMetrix, healthtech especializada em saúde preditiva, compreender essa relação é essencial para quem busca emagrecer. “O sono de qualidade ajuda a equilibrar o metabolismo, regula o apetite e favorece a manutenção da massa magra. Quando o corpo não descansa, ele interpreta isso como um estado de estresse, o que pode aumentar o acúmulo de gordura pela maior resistência à insulina, reduzir a disposição para o exercício, prejudicar o funcionamento da tireóide e até dificultar a adesão a uma alimentação equilibrada”, explica.
O sono também desempenha um papel decisivo no equilíbrio emocional. Pessoas privadas de descanso tendem a apresentar maior irritabilidade, ansiedade e compulsão alimentar, fatores que dificultam a adesão a hábitos saudáveis no longo prazo. “O sono REM, que acontece predominantemente na segunda metade do sono, é o ‘primeiro socorro’ emocional”, diz Gabas. Além disso, durante as fases mais profundas do sono, o organismo libera hormônios de crescimento e promove reparação tecidual, processos fundamentais tanto para a recuperação muscular após os treinos quanto para a regulação energética.
Na prática, investir em boas noites de sono pode ser tão importante quanto ajustar a alimentação ou incluir atividade física na rotina. Estratégias simples como manter horários regulares para dormir, reduzir a exposição a telas antes de deitar, não deixar celular carregando na cabeceira da cama e criar um ambiente propício ao descanso já são capazes de melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, apoiar o processo de emagrecimento.
“O emagrecimento não deve ser encarado apenas como uma questão estética ou restrição alimentar. Ele é resultado de um conjunto de fatores integrados, no qual o sono exerce um papel central. Sem descanso adequado, o corpo não consegue sustentar resultados consistentes”, reforça Gabas.
Assim, compreender a importância do sono e tratá-lo como parte da estratégia de saúde integral é um passo decisivo para transformar a relação com o peso, o corpo e o bem-estar.