Reposição hormonal e risco de câncer de mama: quando a oncogenética recomenda ou evita


Especialista mostra como é possível equilibrar benefícios e riscos sem comprometer a qualidade de vida na menopausa

A reposição hormonal na menopausa ainda desperta muitas dúvidas, sobretudo pela possível relação com o desenvolvimento de tumores nas mamas, o que gera receio em iniciar o tratamento e impacta diretamente a qualidade de vida de mulheres que sofrem com os sintomas do climatério. Apesar de a Terapia de Reposição Hormonal (TRH) ser amplamente reconhecida por aliviar ondas de calor, insônia, alterações de humor e prevenir a perda óssea, o tema continua cercado de incertezas e medos. Nesse contexto, a prevenção e o acompanhamento médico individualizado são fundamentais para equilibrar os benefícios da terapia com seus eventuais riscos.
No campo da oncogenética, estima-se que de 10% a 20% dos tumores de mama tenham origem hereditária, resultantes de mutações germinativas que conferem risco elevado. Embora representem uma causa menos comum de câncer, portadores de alterações genéticas, como nos genes BRCA1 e BRCA2, podem apresentar risco de até 80% de desenvolver câncer de mama ao longo da vida. Esse cenário reforça a importância da consulta com especialistas na área, capazes de analisar detalhadamente o histórico familiar, indicar o teste genético mais adequado, quando necessário, e estruturar planos de rastreamento personalizados.
“Mulheres com histórico familiar de câncer não devem evitar a reposição hormonal se ela for benéfica para sua qualidade de vida, mas precisam contar com acompanhamento especializado, exames regulares, e orientação certa para que os benefícios superem os riscos”, destaca a oncogeneticista Allyne Queiroz Cagnacci, do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
A TRH, quando bem indicada, pode melhorar o controle dos sintomas da menopausa, reduzir a perda óssea, favorecer a melhora do sono e do humor e contribuir para a melhora da saúde cardiovascular. Contudo, diante da possibilidade de aumento do risco de câncer de mama, é imprescindível que cada caso seja avaliado de forma individual, considerando histórico familiar, perfil genético, tempo de uso de hormônio utilizado.

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