Hidratação, exercícios e atenção ao corpo ajudam na prevenção, mas pacientes hospitalizados, por motivos clínicos ou cirúrgicos, devem ser avaliados cuidadosamente
A trombose assintomática é uma condição silenciosa e potencialmente perigosa, capaz de evoluir sem sinais aparentes até provocar complicações graves, como a embolia pulmonar. O problema desafia médicos e pacientes porque, na ausência de sintomas, muitas vezes o diagnóstico só ocorre quando a situação já está crítica.
Segundo o cirurgião vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Dr. Marcone Lima Sobreira, o risco maior está entre pacientes hospitalizados, seja por motivos clínicos ou cirúrgicos, que devem ser avaliados cuidadosamente quanto à possibilidade de desenvolver trombose venosa profunda (TVP). “Uma trombose sem sinais aparentes depende muito da causa subjacente. Muitas vezes, o primeiro sintoma pode ser um quadro grave de embolia pulmonar”, alerta o médico.
Embora possa ocorrer em qualquer parte do corpo, a trombose é mais frequente nas veias das pernas. Casos também podem surgir nos braços, cérebro, intestino ou rins, e o inchaço é um sinal de alerta importante. “Quando o paciente nota que uma perna está mais inchada do que a outra, deve procurar avaliação médica. Esse pode ser o primeiro indício de uma TVP”, orienta o especialista.
Para o diagnóstico, o exame mais indicado é o ultrassom vascular com Doppler, método não invasivo, seguro e de alta precisão. “Trata-se de um exame indolor, que pode ser repetido sempre que necessário e é suficiente para confirmar ou descartar o diagnóstico na maioria dos casos”, explica o Dr. Marcone Lima Sobreira.
Mesmo com o avanço das tecnologias médicas, esse método continua sendo o principal recurso para detectar a trombose. Exames mais complexos, como a tomografia, são indicados apenas em situações específicas, como suspeita de embolia pulmonar ou trombose em regiões abdominais. “Não há necessidade de recorrer a exames caros ou invasivos sem sinais clínicos claros. A investigação deve ser guiada pelo perfil de risco e pela avaliação médica criteriosa”, completa o especialista.
Não há recomendação para realizar ultrassonografia Doppler de forma preventiva em pessoas sem sinais ou sintomas de trombose venosa profunda (TVP) ou embolia pulmonar (EP). O exame deve ser indicado apenas quando houver suspeita clínica. Mesmo em casos de histórico familiar, a orientação é individualizada: “Ter parentes que tiveram trombose não é, por si só, motivo para exames preventivos. Na ausência de sintomas ou suspeita clínica, a ultrassonografia Doppler não deve ser feita de rotina”, esclarece a especialista.
O cuidado preventivo, nesses casos, deve focar na avaliação do risco de tromboembolismo venoso (TEV), especialmente em pacientes hospitalizados: doenças clínicas, gestantes ou pessoas que vão passar por cirurgias merecem prescrição das medidas profiláticas adequadas, como uso de medicamentos anticoagulantes ou medidas mecânicas de prevenção/estímulo à caminhada.
A prevenção, segundo o especialista, ainda é a melhor estratégia. “Prevenir é sempre melhor que remediar. Hidratação adequada, atividade física e atenção às mudanças no corpo são atitudes simples que ajudam a reduzir o risco. O tratamento da trombose é eficaz, mas evitar que ela ocorra é ainda mais importante”, enfatiza Dr. Marcone.
Em apoio ao Dia Mundial da Trombose, celebrado em 13 de outubro, a cidade de São Paulo será iluminada nas cores azul e vermelho, entre os dias 21 e 23 de outubro de 2025, em pontos emblemáticos, como a Biblioteca Mário de Andrade e a Ponte Octávio Frias de Oliveira (Ponte Estaiada). A ação busca conscientizar a população sobre os riscos da trombose venosa profunda, um problema muitas vezes silencioso e potencialmente fatal.