Difícil emagrecer? Cientistas revelam que sistema imunológico atua para impedir perda de peso; entenda


Cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, descobriram que o sistema imunológico atua para evitar a perda excessiva de peso. O achado foi publicado nesta quarta-feira na revista científica Nature.

No artigo, os pesquisadores relatam que, quando o corpo é exposto a estresses fisiológicos, como baixas temperaturas, um tipo de glóbulo branco chamado de neutrófilo infiltra o tecido adiposo e começa a liberar sinais que retardam a quebra da gordura.

O tecido adiposo branco, mais especificamente, conhecido popularmente como “gordura corporal” é responsável por manter o equilíbrio energético do corpo. Ele faz isso armazenando a energia em excesso, em forma de gordura, e a quebrando conforme necessário, como em déficits calóricos.

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Segundo os cientistas, a principal hipótese é de que esse mecanismo que retarda a quebra da gordura tenha ajudado os ancestrais humanos a preservarem energia em momentos como de escassez de comida ou de períodos prolongados de frio.

Em um artigo recente publicado no The Conversation, os pesquisadores da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, Valdemar Johansen e Christoffer Clemmensen, explicaram que essa herança leva o corpo a combater a perda peso até hoje:

“Quando alguém perde peso, o corpo reage como se isso fosse uma ameaça à sobrevivência. Os hormônios da fome aumentam, os desejos por comida se intensificam e o gasto de energia diminui. Essas adaptações evoluíram para otimizar o armazenamento e o uso de energia em ambientes com disponibilidade de alimentos variável. Mas hoje, com nosso fácil acesso a comidas baratas e muito calóricas e rotinas sedentárias, essas mesmas adaptações que antes ajudavam na sobrevivência podem nos causar alguns problemas”.

No entanto, os responsáveis pelo novo trabalho apontam que os mecanismos biológicos exatos a nível celular que protegem o corpo contra a queima descontrolada de gordura em momentos de estresse extremo ainda eram pouco claros.

Para chegar à nova descoberta, os pesquisadores utilizaram modelos de camundongos e observaram que a ativação do sistema nervoso simpático, parte do sistema nervoso autônomo que prepara o corpo para situações de estresse, desencadeou uma rápida infiltração de neutrófilos na gordura visceral, que envolve os órgãos vitais.

“Os neutrófilos que chegavam ao tecido adiposo produziam moléculas sinalizadoras que suprimiam a perda adicional de gordura nos tecidos ao redor. Quando essas moléculas ou os próprios neutrófilos eram removidos, os camundongos apresentavam aumento da quebra de gordura sob estresse metabólico”, detalham os cientistas em comunicado da universidade.

Eles também observaram que, entre os animais com obesidade, os genes envolvidos nessa via biológica estavam mais ativos. Para eles, essas descobertas “revelam uma parceria fisiológica inesperada entre células de gordura e células imunológicas, demonstrando que o sistema imunológico é crucial não apenas para combater infecções, mas também para manter o equilíbrio energético”.

Agora, eles acreditam que a descoberta pode auxiliar novas abordagens, como por meio da modulação dessa via recém-descoberta, para combater a obesidade, outros distúrbios metabólicos e condições que levam à perda de peso não intencional.

Fonte: Jornal O Globo. 

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