Nós que atuamos na saúde mental encontramos cotidianamente com diversos pacientes em situações de dores psíquicas insuportáveis, que muitas vezes estão buscando uma ruptura radical com a sua existência para colocar um fim na sua dor. Contudo é importante ressaltar que o anseio seria pelo fim da dor e não pelo fim da vida.
Abordar a temática da morte e do suicídio é algo complexo que sempre traz em seu bojo muitos tabus e dificuldades, sendo importante lembrar que as ações preventivas devem acontecer no âmbito social, familiar e profissional. Diante destas ações podemos destacar a importância da conscientização sobre o suicídio, da percepção do trabalho de antecipação ao problema que deve ser feito não só por psiquiatras e psicólogos, mas também pela sociedade.
Todos devem se esforçar a favor da saúde psíquica, buscando atitudes acolhedoras, proporcionando atenção e interesse de modo a estimular a manutenção dos sentimentos de esperança e oferecer orientação não só para o indivíduo que está sofrendo, bem como a sua família.
A prevenção do comportamento suicida deve estar pautada no conhecimento dos fatores de risco e deve ser traçada num tripé:
1) Ampliação do entendimento da comunidade acerca do suicídio e dos fatores de risco;
2) Intensificação dos programas e serviços de conscientização e assistência;
3) Incremento de estudos científicos sobre o tema.
Os aspectos sócio – culturais também são preponderantes para o entendimento do comportamento suicida. Num grupo ou comunidade os seus valores podem atuar como fatores de proteção ou de risco. O entendimento de pedir ajuda como sinal de fracasso, pode ser um fator complicador para o indivíduo que está sofrendo. Por outro lado, em outros círculos em que percebem a vida de maneira mais positiva, com razões para seguir em frente, faz com que o ser que sofre se sinta mais amparado e acolhido.
A sensação de pertencimento, ou seja, possuir fortes vínculos afetivos, possuir forte ligação com uma comunidade, grupo religioso, família, estar casado, ter filhos pequenos, são considerados fatores de proteção. Não significa que essas pessoas não poderão atentar contra a própria vida, mas encontra-se nesse público um número bem mais reduzido de tentativas nesse sentido.
Os fatores de risco para o suicídio têm sido extensivamente estudados, onde, entre os principais, poderíamos citar alguns transtornos mentais como depressão, alcoolismo; perdas recentes, perdas de figuras parentais na infância, dinâmica familiar conturbada, personalidade com fortes traços de impulsividade e agressividade, bem como a vivência de doenças incapacitantes e dolorosas.
Devemos buscar incansavelmente o entendimento de que o comportamento preventivo do suicídio evita a morte de pessoas, como também, as sérias implicações sociais ocasionadas pela ocorrência dos atos suicidas. É desafiador o caminho para a compreensão do suicídio, pois entender o que motiva alguém a tirar a própria vida inquieta pesquisadores no mundo inteiro.
É imprescindível mostrar que este desânimo profundo tem outras possibilidades, diferentes maneiras de enfrentamento. Devemos seguir em frente, ao encontro de intervenções que tenham como principal objetivo, o de olhar verdadeiramente para este ser humano que pensa ter chegado ao fim, auxiliando-o a viver um novo começo.