O objetivo de toda conduta fisioterapêutica é promover funcionalidade para o paciente. Esse termo não está relacionado apenas com a recuperação das funções do corpo, mas também com as atividades (execução de tarefas) e a participação do paciente em várias situações da sua vida. Ou seja, funcionalidade está relacionada com a interação das funções e estruturas do corpo, atividades e participação. Promover funcionalidade depende então desses fatores, incluindo os ambientais e pessoais.
Durante o período da pandemia do novo Coronavírus, foram decretadas, pelos governos e conselhos de classe, várias medidas preventivas incluindo o distanciamento e isolamento social, como também a suspensão de atendimentos eletivos. Isso afetou diretamente o tratamento de reabilitação de vários pacientes que foram orientados a ficar em casa.
Nesse contexto, o cuidado e a proteção de pacientes com câncer devem ser ainda maiores. Mas será que todo paciente pode ficar um logo período sem tratamento de reabilitação? Qualquer paciente pode se beneficiar de uma teleconsulta ou teleatendimento? Como manter a funcionalidade dos pacientes que já estavam em tratamento?
Esses questionamentos têm sido comuns desde o início da pandemia e só podem ser respondidos pelo fisioterapeuta, baseado no exame físico e nas condições psicossociais de cada paciente. Se a suspensão do atendimento pode acarretar a piora do quadro clínico, esses deverão ser realizados presencialmente, seguindo criteriosamente as recomendações de higiene, biossegurança e o uso de equipamentos de proteção individual, tanto para o profissional, como para o paciente, como tem acontecido com alguns pacientes da Casa Durval Paiva.
Se o paciente (cuidador ou familiar) tem uma boa compreensão dos exercícios e dispõe de recursos tecnológicos (celular ou computador com câmera), uma alternativa para dar continuidade ao tratamento é o teleatendimento. Assim o paciente será atendido, acompanhado e não haverá prejuízo à funcionalidade. Ao entrar em contato com a família de uma paciente, sua mãe relatou que ela estava a maior parte do tempo deitada ou sentada, estava dormindo muito e se sentia cansada com pequenos esforços. Essa restrição desnecessária estava afetando o condicionamento físico da paciente que logo foi orientada, por teleatendimento, a realizar exercícios diariamente.
Pacientes que já estavam com alta programada, podem ser orientados a manter um estilo de vida ativo e também ser monitorados mensalmente para acompanhamento de sua evolução.
Para o atendimento de crianças e adolescentes é fundamental que a avaliação desses critérios seja feita junto com o paciente e sua família. Estabelecer uma boa comunicação é fundamental para dar continuidade, da melhor forma, aos cuidados prestados ao paciente.