O atual momento vivido no mundo, com a pandemia do novo coronavírus (COVID-19), trouxe inúmeras incertezas para a população. Entre as dúvidas está a questão da manutenção dos tratamentos de saúde durante esse período. O câncer é um dos principais problemas de saúde pública do mundo, sendo responsável por muitos óbitos. Nesse contexto, a interrupção dos tratamentos e dos procedimentos para o diagnóstico precoce do câncer representam uma grande preocupação.
Em tempos de covid-19, é importante lembrar que outras doenças não esperarão a pandemia passar para se manifestarem. É preciso reforçar a importância da prevenção e da manutenção de tratamentos mesmo diante da crise de saúde vivida atualmente. Com as recomendações de distanciamento social e as diretrizes amplamente divulgadas para que as pessoas evitassem ao máximo procurar o hospital para prevenir exposições desnecessárias ao coronavírus, a população deixou de buscar assistência médica mesmo em casos extremamente importantes e isso pode trazer sérios problemas.
O câncer infantojuvenil é a primeira causa de morte por doença entre crianças e jovens de 1 a 19 anos, segundo o Instituto Nacional de Câncer – INCA, e um atraso no seu diagnóstico pode ser fatal. Diante da importância do diagnóstico precoce, visto que, os sinais e sintomas muitas vezes, podem ser confundidos com os de outras doenças comuns na infância, a Confederação Nacional das Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer – CONIACC promove neste ano a sétima edição da Campanha Setembro Dourado que tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre a doença, principalmente para que pais, responsáveis e profissionais de saúde, consigam identificar os sinais e sintomas, ressaltando a relevância do tratamento prévio como fator essencial para a cura.
“Um ponto crucial é a população ter conhecimento quais são os sinais e sintomas e quando esses podem ser um sinal de alarme para o câncer infantil para que a criança chegue mais cedo ao serviço de saúde. O próximo passo é o profissional de saúde estar treinado para reconhecer um sinal e um sintoma precoce pois não adianta um pai ou uma mãe procurar o serviço de saúde se não tem um treinamento do médico ou enfermeiro que vai avaliar essa criança em uma unidade básica de saúde, num consultório ou até mesmo no pronto socorro” explica Luciana de Aguiar Corrêa, Oncologista e Hematologista Infantil do Hospital Infantil Varela Santiago.
Mesmo nesse momento que passamos, a atenção à saúde não deve ser colocada de lado, tanto na investigação de algum sintoma importante ou suspeita, quanto na manutenção dos tratamentos que já estão em andamento. De acordo com dra Luciana, quanto mais tarde for descoberta a doença, menores as chances de recuperação e a eficiência dos tratamentos. “O câncer infantil é mais agressivo que o de adulto, porém ele responde melhor a quimioterapia. Por isso que o diagnostico precoce para criança faz toda a diferença. Porque se eu tenho menos doença a ser tratada, tenho maior sobrevida livre de evento e uma menor morbidade durante o tratamento”.
De acordo com o INCA, no Rio Grande do Norte, o número de novos casos estimados chega a 130 por ano, nessa faixa etária, sendo que muitos pacientes ainda são encaminhados aos hospitais de referência com a doença em estágio avançado, ou são subnotificados. Os principais sinais e sintomas do câncer infantojuvenil são: dores ou aumento na barriga; palidez repentina; manchas roxas pelo corpo; dores nos ossos; ínguas ou nódulos, principalmente nas axilas, pescoço e virilha; perda de peso; mancha branca na pupila (reflexo de olho de gato); dores de cabeça; náuseas e vômitos, acompanhados de dores de cabeça; convulsões; alteração na fala e no andar; dores nos ossos não relacionadas a fraturas, quedas e traumas; nódulos na cabeça, pescoço, braços e pernas; sangramentos em geral e fraqueza. Vale ressaltar que estes sinais e sintomas não significam que a criança ou o adolescente tem câncer. Mas, se apresentar algum deles, é aconselhável levar ao médico para esclarecer e tirar dúvidas.
A recomendação é que ao visitarem clínicas e hospitais, os pacientes oncológicos sejam acompanhados por uma única pessoa, preferencialmente com menos de 60 anos de idade. Além da atenção às recomendações gerais de prevenção, como o uso de máscaras e a lavagem adequada das mãos, é importante também que os pacientes permaneçam somente o tempo necessário em clínicas e hospitais e evitem contato físico direto mesmo com médicos ou equipe de saúde.