Essa é uma pergunta que já te passou pela cabeça? Seu filho nunca perguntou sobre como foi parar na sua barriga ou sobre o que é transar e você, provavelmente, ficou embaraçado e respondeu que ele não tem idade para isso e que um dia entenderá.
Por que será que nos preocupamos tanto com a idade certa para falar sobre questionamentos que são tão puros e genuínos? Quando a criança pergunta, ela tem direito à resposta e tenha certeza que não precisará ser uma descrição do que é uma relação sexual, até porque isso ainda não faz parte do mundo dela e ela não está perguntando isso. Ela quer ser acolhida em sua dúvida e perceber até onde pode contar com os pais. Conversar, dialogar, responder os questionamentos infanto-juvenis nos faz construir uma relação de maior confiança com nossos filhos, um vínculo ainda mais seguro. E vínculo seguro previne adoecimento mental. A pergunta mais importante a ser respondida não é sobre a dúvida da criança mas sobre o nosso receio/preconceito em falar sobre o tema. Os problemas relativos a esse tema estão muito mais ligados ao conflito geracional, ou seja, a forma que aprendemos e vivenciamos a nossa sexualidade. Com quem você aprendeu sobre sexo? E o que você imagina que poderia ter sido melhor para você? Quais as suas dificuldades atualmente nos seus relacionamentos? Se seu filho te perguntar sobre isso, tenha a certeza que você é um privilegiado, pois ele está abrindo um diálogo sobre um dos temas mais íntimos do ser humano, deixando você fazer parte desse descobrimento do próprio corpo. Uma chance de ensiná-lo sobre amor e respeito a si mesmo! Não desperdice um momento tão valioso. Precisamos construir a ideia de preferir os riscos de uma discussão aberta sobre sexo aos riscos de nos mantermos em silêncio. Eles aprenderão de qualquer jeito e espero que seja com você, primeiramente. Precisamos nos educar sexualmente. Isso nos tornará mais livres e saudáveis. A pergunta da criança é sempre bem-vinda em qualquer idade. Inicie essa relação de intimidade com seu filho e expresse também suas limitações e vergonhas, procurando sempre ajuda quando não for capaz de atendê-lo. Precisamos cuidar do vínculo com nossos filhos! Invista no amor, no vínculo, na proteção! Responda o que a criança perguntar, nem mais nem menos.
Dra. Karina Machado Presidente da Associação de Terapia de Família do RN @kacontigo @atf_rn |