Descoberta nova forma de proteína associada ao Alzheimer


Para pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, achado pode ajudar a determinar o estágio da doença nos pacientes

Mapa térmico do cérebro de uma pessoa com Alzheimer leve. Regiões em vermelho e laranja indicam maior densidade de proteína tau, enquanto áreas verdes e azuis indicam menor acúmulo. (Foto: TAMMIE BENZINGER/KNIGHT ADRC)

Pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, descobriram uma nova forma de proteína associada ao Alzheimer no fluido que envolve o cérebro e a medula espinhal. Segundo o estudo, publicado nesta segunda-feira (7) no periódico Brain, a descoberta da chamada “região de ligação de microtúbulos tau” (MTBR tau) pode ajudar a determinar o estágio da doença em pacientes.

O Alzheimer tem início quando uma proteína chamada amiloide começa a formar placas no cérebro, processo que pode durar décadas e não gera sinais de declínio cognitivo. Isso só acontece quando os emaranhados de proteínas tau começam a se espalhar nos neurônios, e aí a pessoa apresenta confusão e perda de memória, e tem início atrofia crescente do tecido cerebral.

De acordo com os especialistas, a recém-descoberta MTBR tau é um pedaço insolúvel da proteína tau e a principal componente dos emaranhados. Na nova análise, a equipe percebeu que tipos específicos de MTBR tau são enriquecidas no cérebro de quem tem Alzheimer.

“Esse biomarcador de fluido mede a tau que forma emaranhados e pode confirmar o estágio da doença de Alzheimer”, disse Randall Bateman, um dos pesquisadores, em comunicado. Segundo ele, se for possível aplicar isso na prática clínica, será viável identificar sintomas e o estágio da demência, sem a necessidade de uma neuroimagem. “Como médico, essa informação é inestimável para direcionar o atendimento ao paciente e, no futuro, para orientar as decisões de tratamento”, complementou Bateman.

Em um experimento, os pesquisadores analisaram o líquido cérebro-espinhal de 100 pessoas na faixa dos 70 anos. Trinta não tinham comprometimento cognitivo e nenhum sinal de Alzheimer; 58 apresentavam placas amiloides sem sintomas cognitivos ou com demência de Alzheimer leve ou moderada; e 12 tinham comprometimento cognitivo causado por outras condições.

Os cientistas descobriram que os níveis de uma forma específica da proteína, o MTBR tau 243, no fluido estavam elevados em pessoas com Alzheimer e aumentavam de acordo com o grau de avanço da deficiência cognitiva. Além disso, os estudiosos, que acompanharam 28 membros do grupo de pesquisa entre dois e nove anos, constataram que. entre os participantes com algum grau de Alzheimer no início do estudo, os níveis de MTBR tau 243 aumentaram significativamente e a função cognitiva teve notável piora.

“Essa pode ser uma forma de não apenas diagnosticar a doença de Alzheimer, mas também de dizer em que ponto as pessoas estão da doença”, observou Kanta Horie, coautora do artigo. “Essa descoberta abre novas janelas para novas terapêuticas para a doença de Alzheimer com base na segmentação de MTBR tau para impedir a propagação de emaranhados.”

REVISTA GALILEU

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