Agência FAPESP * – A cientista Silvania da Silva Teixeira, que foi doutoranda e pós-doutoranda no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), com apoio da FAPESP, venceu o Prêmio L’Oréal-USA For Women in Science 2020, ao lado de outras cinco pesquisadoras. Todas receberão uma bolsa-auxílio de US$ 60 mil para conduzirem seus projetos.
Dando continuidade à sua pesquisa de pós-doutorado, Teixeira estuda um tratamento inovador para diabetes, usando um metabólito do hormônio tireoidiano. Teixeira pesquisa o hormônio tireoidiano desde o seu projeto de iniciação científica, desenvolvido com apoio da FAPESP em 2003.
No estudo, a pesquisadora testou o metabólito em camundongos com diabetes tipo 2 e observou um aumento nos níveis de insulina dos animais. A hipótese é que esse tratamento pode induzir a proliferação de células beta pancreáticas, aumentando a secreção de insulina. Para tratar a resistência à insulina, característica da diabetes tipo 2, serão feitos testes com a metformina, que aumenta a sensibilidade à insulina. A expectativa é que os dois tratamentos combinados sejam capazes de normalizar os níveis de glicose no sangue, sem efeitos colaterais graves. No entanto, ainda são necessários mais experimentos para chegar a uma possível fase clínica.
Parte de seu pós-doutorado foi feito em Houston, Estados Unidos, no Houston Methodist Research Institute, também com apoio da FAPESP. Após a conclusão, em 2014, Teixeira acabou se mudando definitivamente para os Estados Unidos e trabalhou durante alguns anos como assistente de laboratório. Em 2019, voltou a trabalhar no Methodist Research Institute e teve o incentivo de sua chefe para se inscrever em grants, prêmios de financiamento. ” Foi quando tive a ideia de retomar o meu projeto de pós-doutorado”, conta a cientista. Hoje, ela é pós-doc na University of Colorado, em Denver, onde irá conduzir o estudo.
Na nova fase da pesquisa, Teixeira irá usar como modelo animal os ratos do tipo Zucker, que desenvolvem diabetes de maneira bem parecida com os humanos. “Quando esses animais apresentarem uma deterioração das células beta, as responsáveis pela produção de insulina, vamos começar a tratá-los com o metabólito do hormônio tireoidiano por quatro semanas. Depois, iremos investigar como está o pâncreas desses animais e suas células beta”, explica. A previsão é que até o final de 2021 o grupo tenha resultados suficientes para publicar um artigo.
A premiação foi uma surpresa. “Foi a primeira vez que me inscrevi em um grant nos Estados Unidos – ainda estava tentando entender como funcionava o financiamento de pesquisa no país, que é bem diferente do Brasil.”
No vídeo de apresentação das cientistas vencedoras, Teixeira falou sobre os desafios da carreira científica e o que ela espera do projeto. “Houve um tempo em que eu pensava que não conseguiria ser mãe e cientista. Mas eu quero ser a mãe que minha filha terá orgulho e quero fazer a diferença. Essa pesquisa poderia melhorar a vida de mais de 400 milhões de pessoas com diabetes no mundo.”
Criado em 2003, o L’Oréal-USA For Women in Science é fruto de uma parceria entre a L’Oréal dos Estados Unidos e a American Association for the Advancement of Science (AAAS), que anualmente premiam cinco mulheres cientistas com bolsas de US$ 60 mil por suas contribuições nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.
O programa é a versão americana do prêmio internacional L’Oréal-Unesco For Women in Science, que conta com 52 programas nacionais e regionais em 110 países, com o objetivo de valorizar e incentivar a presença feminina na ciência. Há também uma versão brasileira do prêmio, o Para Mulheres na Ciência, criado em 2006 pela Unesco Brasil, a Academia Brasileira de Ciências e a L’Oréal Brasil.
*(Com informações da Assessoria de Comunicação do ICB-USP)