Clínica particular vê com bons olhos oferta de vacina indiana contra Covid-19 em Natal


Médico diz que a corrida pela vacina no setor privado não deve ser vista como uma competição com o sistema público, mas sim como um trabalho conjunto

Paralelamente ao plano de vacinação público do governo federal, o setor privado de clínicas de vacinas também vem se movimentando na busca pela imunização contra o coronavírus.  No Rio Grande do Norte, as doses poderão chegar por meio da AMI Vacinas, único centro do estado ligado à Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC).

Apesar da negociação estar em um estágio inicial, o médico pediatra e diretor da AMI Vacinas, Ney Marques Fonseca, reforça que existe o desejo de importar os imunizantes, mas ainda aguarda uma definição entre a entidade nacional e o governo federal. Recentemente, a ABCVAC anunciou um acordo para compra da Covaxin, vacina da farmacêutica indiana Bharat Biotech.

“É louvável a atitude da associação de procurar alternativas, é uma forma de tentar ajudar o governo. Existe o desejo, mas ainda está tudo em uma fase embrionária. É uma iniciativa da associação, que viajou para a Índia e que deve estar retornando com algumas respostas em breve. A expectativa é de que possa haver essa compra. É importante deixar claro que isso não é nada que vá ser feito na semana que vem e, essa vacina, assim como todas, só será aplicada após o crivo da Anvisa”, comentou Ney Fonseca.

A quantidade de doses, logística de aplicação e possíveis valores da vacina na clínica privada, que fica em Natal, ainda não foram discutidos internamente, isso porque a ABCVAC aguarda um avanço nas conversas com os laboratórios indianos. Para o diretor da AMI Vacinas, a corrida pela vacina no setor privado não deve ser vista como uma competição com o sistema público de saúde, mas sim como um trabalho conjunto.

“Na minha visão, essa vacina deveria ser de uso público gratuito para quem quiser tomar. Por outro lado, a gente entende a ansiedade de quem queira procurar a vacina e aplicar por um valor. Não vejo choque nessas duas ações. Não é uma clínica privada competindo com o governo, jamais. A rede privada atua como complemento. O nosso Programa Nacional de Imunização (PNI) é fantástico, o SUS, que é tão maltratado, está mostrando seu valor e vai usar sua rede na aplicação dessa vacina. A gente tem que louvar essas entidades nacionais e o Brasil é modelo nisso”, destacou Ney Fonseca.

Confiante em um desfecho positivo em torno da compra da Covaxin pela rede privada, o representante da AMI Vacinas ressalta que em caso de sucesso na negociação, a vacinação seguirá os moldes estabelecidos pelo plano nacional de imunização, que prioriza profissionais da saúde, idosos e pessoas com comorbidades. Fonseca afasta ainda a possibilidade da imunização se tornar uma questão de mercado.

Ney Marques Fonseca, diretor da AMI Vacinas –( Foto: Eliab Macedo/Viver Bem em Revista)

“Caso se concretize, isso será respeitado e sempre com o aval da Anvisa. A rede privada não funciona sem essa autorização do setor público. Se essas vacinas da rede privada fossem retiradas do volume de vacinas públicas porque iriam ser comercializadas, aí ficaria caracterizado que pessoas poderiam levar vantagens por ter recursos. Mas isso não vai ocorrer. Não vejo como concorrência, mas sim como um trabalho conjunto, desde que as normas gerais sejam cumpridas”, acrescentou.

 

Em entrevista ao Agora RN, o médico, que tem 50 anos de experiência e uma década trabalhando no Programa Nacional de Imunização, também criticou movimentos de grupos antivacina, que buscam desacreditar a eficácia dos imunizantes com a disseminação de informações falsas.

“A vacina é uma coisa maravilhosa, foi um dos maiores avanços da medicina. É muito mais importante prevenir do que tratar. Essa crítica que se faz em relação a rapidez com que a vacina da Covid-19 foi produzida não tem nenhum sentido e eu fico muito tranquilo porque as tecnologias estão evoluindo de forma espantosa. Esses movimentos antivacina sempre existiram e agora com a pandemia eles tiveram um material muito forte, o que é uma pena porque isso tem feito um estrago muito grande espalhando mentiras e fake news e isso assusta as pessoas”, explicou.

 

 

 

AGORA RN

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