O professor e pesquisador do Departamento de Farmácia da UFRN Matheus de Freitas Fernandes Pedrosa fez parte do quadro efetivo do Instituto Butantan durante 7 anos. Ele reuniu informações sobre 04 vacinas que devem ser utilizadas no Brasil.
Coronavac:
A CoronaVac é uma vacina contra a Covid-19 que utiliza vírus inativados (mortos). Essa metodologia recorre a vírus que foram expostos em laboratório a calor e produtos químicos para não serem capazes de se reproduzir. Isso quer dizer que não há a presença do vírus Sars-Cov-2 viáveis na solução, o que reduz os riscos deste tipo de imunização. A vacina é desenvolvida pelo laboratório da ChinaSinovac em parceria com o Instituto Butantan-SP.
Como parte da parceria, o Butantan foi responsável por coordenar os testes de fase 3 da vacina no Brasil, que envolveu 16 centros de pesquisa clínica em sete estados e no Distrito Federal. A fábrica do Butantan que deve produzir doses da CoronaVac em território nacional ainda não está pronta. A previsão inicial do governo estadual era finalizar as obras até o final de 2021. A promessa é que a fábrica possa produzir 100 milhões de doses da vacina contra Covid-19 por ano.
Por enquanto, a vacina é apenas processada pelo Instituto Butantan na fábrica que o instituto já utiliza para outras vacinas. Nesse local, a matéria-prima que chega da China é diluída, envasada e rotulada. Uma outra parcela, menor, das doses importadas pelo governo estadual já vem pronta da China, em embalagens de dose única e preparadas para a aplicação. Um estudo publicado na revista científica “The Lancet” aponta que a vacina produzida pela Sinovac é segura. Os resultados tratam de estudos de fase 1 e 2 com 743 pacientes.
De acordo com os pesquisadores chineses, a CoronaVac não apresentou “nenhuma preocupação com relação à segurança”. A maioria das reações foram leves, sendo que a mais comum foi a dor no local da injeção. Nenhuma reação adversa mais grave foi relatada durante a fase 2, que teve participação apenas de voluntários chineses. No Brasil, de cada 100 voluntários vacinados com a CoronaVac que contraíram o vírus, 22 apresentaram apenas sintomas leves, sem a necessidade de internação hospitalar, índice apresentado como de 78% de eficácia para casos leves, segundo o governo de SP.
Para redução de casos graves e moderados, o governo anunciou índice de eficácia de 100%, ou seja, não houve casos graves (incluindo mortes) e moderados entre os vacinados.
A eficácia geral da Coronavac atingiu 50,38%, um pouco acima dos 50% exigidos pela Anvisa para liberar o uso da vacina.
Serão administradas 2 doses em cada paciente com intervalo de aproximadamente 21 dias (mínimo 14 e máximo 28 dias). Pacientes com histórico de reação anafilática a qualquer alimento, medicamento ou vacina, além de gestantes e menores de 18 anos serão excluídos nas primeiras fases da vacinação.
OXFORD
A estratégia para a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e a farmacêutica AstraZeneca é a de um vetor viral não replicante. Os pesquisadores utilizam um adenovírusque infecta macacos. Esse vírus é geneticamente modificado para se tornar fraco, ou seja, não infeccioso e incapaz de se replicar no corpo humano. Os pesquisadores inserem neste vírus uma parte do coronavírus também modificada e não infecciosa, uma proteína do envelope viral. Quando essa vacina é injetada no corpo, o sistema imunológico promove uma resposta imune a essa proteína que estava associada ao vetor, levando à produção de anticorpos e de outras células de defesa capa
A vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e a farmacêutica AstraZeneca apresentou uma eficácia média de 70,4% na fase 3 (última etapa) de testes, de acordo com dados preliminares publicados na revista científica The Lancet. A eficácia do imunizante chegou a 90% em um pequeno grupo que tomou meia dose na primeira aplicação, mas 62% para a maioria, que tomou a dose completa na primeira aplicação e no reforço.
Em relação às reações adversas, até o momento os cientistas avaliaram em aproximadamente 10% dos voluntários os efeitos normais esperados em geral entre as vacinas. Uma reação local normal, com vermelhidão e/ou dor, e a reação sistêmica, como se fosse uma gripe, ou seja, um pouco de febre.
Essa vacina pode ser aplicada em dose única no Brasil, afirmou nesta quinta-feira (7) o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. A Fundação Oswaldo Cruz, que produz o imunizante no Brasil, trabalha com a mesma possibilidade. A decisão ficará a cargo dos responsáveis pelo Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. A outra possibilidade é que, para imunizar o maior número possível de brasileiros em curto período, a vacina seja administrada em duas doses com intervalo de três meses. Este é o tempo entre a primeira e a segunda dose no Reino Unido, onde o imunizante está sendo aplicado desde o dia 4 deste mês.Pacientes com histórico de reação anafilática a qualquer alimento, medicamento ou vacina, além de gestantes e menores de 18 anos serão excluídos nas primeiras fases da vacinação.
A vacina da Pfizer e da BioNTech contra a COVID-19 é baseada no RNA mensageiro, ou mRNA, que ajuda o organismo a gerar a imunidade contra o coronavírus, especificamente o vírus SARS-CoV-2.A ideia é que o mRNA sintético dê as instruções ao organismo para a produção de proteínas encontradas na superfície do vírus. Uma vez produzidas no organismo, essas proteínas (ou antígenos) estimulam a resposta do sistema imune resultando, assim, potencialmente em proteção para o indivíduo. Essa vacina apresentou eficácia de 95%. É aplicada em 2 doses com intervalo de 21 dias.No caso do estudo da Pfizer, 80% dos que receberam a vacina relataram dor de curta duração no local da injeção. Quanto aos efeitos colaterais, foram bem parecidos com o da Moderna: fadiga, dor de cabeça, dores musculares, calafrios e dores nas articulações. No entanto, eles foram relatados com mais frequência no ensaio da Moderna do que no da Pfizer, uma vez que 39% dos participantes tiveram dor de cabeça, 51% experimentaram fadiga, 19% tiveram dores nas articulações e 23% tiveram calafrios após receber a segunda dose da vacina. Nos ensaios clínicos, os efeitos colaterais locais, como dor, vermelhidão e inchaço ocorreram com mais frequência com as vacinas do que com o placebo. Sintomas sistêmicos como febre, fadiga, dor de cabeça e dores musculares e articulares também foram um pouco mais comuns com as vacinas do que com o placebo, e a maioria ocorreu durante as primeiras 24 a 48 horas após a vacinação. Cabe ressaltar, que nas fases 1 a 3 dos ensaios das vacinas de mRNA Pfizer – BioNTech e Moderna, foram excluídos os participantes potenciais com histórico de reação alérgica a qualquer componente da vacina. Os estudos Pfizer – BioNTech também excluíram participantes com histórico de alergia grave associada a qualquer vacina. Reações de hipersensibilidade a eventos adversos foram igualmente representados nos grupos de placebo (solução salina normal) e de vacina em ambos os ensaio. O MHRA emitiu uma pausa na vacinação com a vacina de mRNA SARS-CoV-2 da Pfizer – BioNTech, para excluir qualquer pessoa com histórico de reação anafilática a qualquer alimento, medicamento ou vacina. O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) emitiu nota relativa à administração da vacina de mRNA Pfizer – BioNTech ou Moderna, recomendando a exclusão de qualquer pessoa que tenha um histórico de reação alérgica doença grave ou imediata (dentro de 4 horas) associada a qualquer um dos componentes da vacina, incluindo polietilenoglicol(PEG) e derivados de PEG. PEG é um composto usado como um excipiente em medicamentos e foi implicado como uma causa rara de “perigo oculto” de reações mediadas por IgE e anafilaxia recorrente. Segundo a bula da vacina da Pfizer, devem ser vacinadas todas as pessoas acima de 16 anos. A vacina está contraindicada nos seguintes casos: Se o paciente já teve uma reação alérgica grave (anafilaxia) ou uma reação alérgica imediata – mesmo que não tenha sido grave – a qualquer ingrediente em uma vacina de mRNACovid-19. Se o paciente teve uma reação alérgica grave (anafilaxia) ou uma reação alérgica imediata – mesmo que não tenha sido grave – depois de receber a primeira dose da vacina, não deve receber outra dose da vacina de mRNA Covid-19.O imunizante da Pfizer precisa ser armazenado em temperaturas de aproximadamente -70 °C, em ultra freezer.
A vacina da Moderna funciona a partir de uma fórmula que carrega um RNA mensageiro. Em outras palavras, o corpo começa a produzir proteínas virais, mas não o vírus inteiro, o que é suficiente para treinar o sistema imunológico para atacar o vírus da COVID-19. A ideia é que essas partículas treinem e preparem o corpo para uma eventual invasão do agente infeccioso, já que foi responsável por desenvolver uma resposta imune, a partir das células T. O imunizante da Moderna se apresentou 94,5% eficaz na prevenção de COVID-19 entre aqueles que foram monitorados por uma média de sete semanas após a segunda dose. É aplicada em 2 doses com intervalo de 21 dias.
Aproximadamente 90% dos que receberam a vacina da Moderna relataram dor de curta duração no local da injeção após as duas doses. No ensaio, a dor no local da injeção foi muito menos comum nas pessoas que receberam o placebo. Os efeitos colaterais mais comuns foram fadiga, dor de cabeça, dores musculares, calafrios e dores nas articulações. Depois de receber uma segunda dose da vacina, 63% dos participantes do estudo tiveram dor de cabeça, 68% experimentaram fadiga, 45% tiveram dores nas articulações e 48% tiveram calafrios. O imunizante da Moderna pode ser armazenado em temperaturas de aproximadamente -20 °C, em freezer comum. Pacientes com histórico de reação anafilática a qualquer alimento, medicamento ou vacina, além de gestantes e menores de 18 anos serão excluídos nas primeiras fases da vacinação.