Provavelmente você já ouviu falar que o segredo para muitas coisas na vida está diretamente ligado à nossa capacidade de controle cerebral e isso é mais do que comprovado quando falamos de projetos maiores, como o emagrecimento.
Para quem chegou lá e alcançou grandes objetivos, fatores como o equilíbrio emocional e a racionalização das vontades fizeram toda a diferença no processo. A boa notícia é que você pode utilizar das mesmas técnicas treinando seu cérebro para passar por este processo.
“A dieta começa no momento que você mentaliza e traz para sua consciência de que aquilo é importante para você, não importa por qual motivo, seja vestir melhor uma roupa ou se sentir mais bonito (a) e, se é algo que é bom para você, será a primeira motivação para começar algo. A partir daí seu cérebro vai entender que você tem algo importante a realizar e com certeza vai caminhar para esta direção. O emocional é muito importante neste momento”, pontuou a nutricionista Andréa Lima Pereira.
Hábito – recompensa e punição
Segundo Geomacel Carvalho, especialista em ginástica para o cérebro do Método Supera, o segundo passo, além da motivação, é a atitude.
“O hábito é formado por uma recompensa ou uma punição. Quanto mais rápida for a resposta de uma atitude, mais fácil é fazer com que ela vire um hábito. Porém, o cérebro prefere recompensas a curto prazo. Quando fazemos uma dieta para entrar em forma, a recompensa está mais longe, e comer traz benefício imediato. Por isso é tão difícil para tanta gente”, explica Geomacel, com base em conceitos da neurociência.
No best seller “O Poder do Hábito” (Objetiva, 2012), o autor Charles Duhigg argumenta que repetir o mesmo comportamento por 21 dias pode contribuir para alcançar o objetivo mais rapidamente. Em síntese, o hábito é formado a partir de 3 elementos: deixa, rotina e recompensa.
A deixa pode ser um horário do dia, uma palavra, um lembrete no celular. “Um estímulo que manda seu cérebro entrar em modo automático, e indica qual hábito ele deve usar”, escreve o autor. “Podemos pensar em algo do tipo: marcar a evolução da perda de peso no celular, usar aplicativos, se cercar de informações que ajudem seu cérebro a lembrar que você está nesta busca e principalmente que isso não é um sacrifício e sim algo natural”, explicou Geo, do Supera.
A rotina é a repetição quase idêntica do comportamento, um ato mental ou emocional. A rotina pode ser constituída de elementos simples, como escovar os dentes ou complexas, como dirigir, falar em público.
“Quando falamos em emagrecimento, podemos pensar no hábito de ir à academia. Os primeiros dias podem ser sacrificantes e nada recompensadores, no entanto, com o passar dos dias, o corpo vai acostumando-se com aquele movimento e o mais importante: a serotonina gerada pelo exercício vai trazendo uma sensação de prazer”, disse Geomacel do Supera.
A recompensa é um elemento que permite ao cérebro associar à deixa e à rotina um aspecto positivo, agradável, interessante. É ela que vai motivar seu cérebro a continuar repetindo este ciclo.
“Aqui podemos pensar no processo de emagrecimento como um todo, quando a pessoa começa a perceber mudanças no corpo, perda de medidas, roupas menos justas e uma sensação de que as suas mudanças de hábito estão tendo algum resultado, o que a motiva a continuar o processo e claro, manter o emocional em dia”, reforçou Geo.
A motivação no cérebro
Quando você está motivado, o córtex pré-frontal e o orbito frontal são ativados e o cérebro identifica oportunidades. A partir disso, circuitos cerebrais detectam no ambiente condições necessárias para a realização.
Neste momento, o poder de foco da atenção no que se está fazendo e na meta a ser conquistada é o grande diferencial.
Pensar sobre a gratificação ainda libera a dopamina, neurotransmissor responsável pelo prazer. A ativação da dopamina afeta diretamente o comportamento. Ter níveis oscilantes do hormônio é saudável para regular a motivação, fazendo com que as pessoas persistam no que é positivo.
Alimentos que ajudam a manter o foco do cérebro no processo
Manter o foco no consumo de alimentos que são chaves neste processo, não significa exatamente consumir apenas alimentos de baixo teor calórico.
As oleaginosas, por exemplo, são fonte de “gordura do bem” e selênio. Pessoas com baixos níveis de selênio podem sofrer distúrbios na atividade dos neurotransmissores – substâncias produzidas pelo neurônio que tem como função levar informações de uma célula a outra – podendo até sofrer alterações de humor e claro, interferir no processo de emagrecimento;
Carnes vermelhas e folhas verdes também são boa pedida. Estes alimentos são ricos em ferro, que tem como principal função carregar o oxigênio para os tecidos, inclusive o cérebro. Quando os níveis de ferro diminuem, o organismo fica com pouco oxigênio disponível, resultando em concentração, atenção e foco reduzidos.
Até mesmo o café, se consumido moderadamente, tem ação estimulante. Alimentos que possuem cafeína na composição – exemplo também do chá verde e o chocolate amargo – possuem efeito estimulante, que ajuda a melhorar a concentração.
A gema de ovo também deve ser incluída na dieta! O motivo é a colina, substância que ajuda na reconstrução das células do cérebro, ou seja, ajuda a reparar e construir mais neurônios. A colina também é utilizada na síntese da acetilcolina, neurotransmissor que auxilia na concentração.
“O acompanhamento com um nutricionista é o primeiro passo, mas pensar sobre o processo também é fundamental. É importante ainda identificar as fragilidades pessoais, gatilhos e manter a mente em ordem para enfim, alcançar bons resultados”, concluiu a nutricionista Andréa.