Idosos com demência apresentam ‘sintomas financeiros’ até seis anos antes do diagnóstico


Segundo pesquisadora, o declínio cognitivo responde por algo entre 5% e 20% dos problemas de pagamento e crédito

A Doença de Alzheimer se desenvolve ao longo de décadas, num processo de produção de proteínas beta-amiloides que se agrupam em placas e desfiguram o cérebro. Portanto, é bom ter em mente que essa é uma enfermidade cujo começo pode se dar na meia-idade, muito antes de os primeiros sintomas surgirem. Infelizmente, pelo menos por enquanto não há como detectar a doença com tanta antecedência, mas a ciência vem mapeando sinais importantes que merecem atenção. De acordo com estudo da faculdade de saúde pública da Universidade Johns Hopkins, “sintomas financeiros” podem aparecer até seis anos antes do diagnóstico.

Numa parceria com a Universidade de Michigan e o Federal Reserve Board of Governors (um dos organismos do FED, responsável pela política monetária dos EUA e equivalente ao Banco Central brasileiro), os pesquisadores analisaram as finanças de mais de 80 mil beneficiários do Medicare, o sistema de seguro de saúde para idosos, por um período de quase 20 anos. O levantamento mostrou que o nível de instrução tem peso: para os que tinham mais anos de estudo, problemas com dinheiro, como deixar de pagar contas ou se expor a fraudes, surgiam cerca de dois anos e meio antes do diagnóstico. Essa diferença pode estar relacionada à desigualdade: pessoas em condições mais desfavoráveis não têm o mesmo acesso à saúde de qualidade.

O trabalho, publicado no fim do ano passado no “JAMA Internal Medicine”, foi liderado por Lauren Hersch Nicholas, professora de política e gestão de saúde, que afirmou: “embora não haja um tratamento efetivo para retardar ou reverter a demência, a combinação de detectar logo esses sintomas com informações sobre o risco de ações equivocadas pode proteger o bem-estar financeiro do paciente e de sua família”. Para determinar se os “sintomas financeiros” eram uma característica da demência, os pesquisadores também compararam questões como contas não pagas ou problemas de crédito com outras condições de saúde, como artrite, glaucoma, infartos e fraturas de quadril. Somente nos quadros de demência o prejuízo financeiro era recorrente. “É perturbadoramente comum”, avaliou a professora, cuja avó enfrentou situação semelhante: “a demência responde por algo entre 5% e 20% dos problemas de pagamento e crédito de pacientes que ainda não foram diagnosticados”, complementou.

G1

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