Hipertensão pode ser confundida com sintomas da menopausa


Documento da Sociedade Europeia de Cardiologia alerta: subestimar sinais coloca mulheres numa situação de risco

Documento da Sociedade Europeia de Cardiologia, publicado no fim de janeiro, apresenta um consenso entre cardiologistas, ginecologistas e endocrinologistas: é preciso redobrar a atenção para quadros de hipertensão que, nas mulheres de meia-idade, podem ser confundidos com sintomas da menopausa.

De acordo com a professora Angela Maas, diretora do programa de saúde cardíaca feminina da Radboud University, na Holanda, até 50% das mulheres desenvolvem hipertensão antes dos 60 anos, mas sintomas como palpitações e ondas de calor – os chamados fogachos, uma combinação de calor, transpiração e ruborização – são normalmente atribuídos à menopausa. “Sabemos que a hipertensão feminina não recebe o mesmo tratamento da masculina, colocando as mulheres numa situação de risco de fibrilação atrial (ritmo cardíaco irregular), infarto e acidente vascular encefálico (derrame) que poderia ser evitada”, disse.

Há sinais que, se mapeados cedo, ajudarão na prevenção. Casos de pré-eclâmpsia, a elevação da pressão arterial durante a gravidez, estão associados a um perigo quatro vezes maior de hipertensão e derrame. Mulheres com menopausa precoce, isto é, antes dos 40 anos, também estão no grupo de risco, assim como as que enfrentam doenças inflamatórias autoimunes, como artrite reumatoide e lúpus.

“Ao longo da vida de uma mulher, é possível identificar subgrupos de risco, como as gestantes que apresentam pressão alta”, explicou a professora Maas. “Se a hipertensão não for identificada na faixa dos 40 ou 50 anos, os problemas serão mais sérios e difíceis de tratar aos 70”, complementou, referindo-se ao perigo aumentado para demência.

Embora os tratamentos de reposição hormonal sejam indicados para aliviar os sintomas da pré-menopausa, os autores do documento reforçaram a necessidade de uma avaliação de riscos cardiovasculares antes do início desse tipo de terapia. No caso de mulheres transgênero, que dependem de terapia hormonal pelo resto de suas vidas, o acompanhamento deve ser ainda mais rigoroso.
G1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *