Perda de massa do músculo esquelético relacionada à idade aumenta risco de quedas.
Alexandre Raith, da Agência Einstein
Entre as doenças mais comuns na velhice está a sarcopenia, que é definida como perda de massa e função do músculo esquelético relacionada à idade. Tal manifestação clínica provoca o declínio na mobilidade e, por consequência, o aumento do risco de quedas.
Atividade física e modificações na dieta alimentar têm sido os tratamentos atuais mais prescritos pela comunidade médica. Em busca de novas possibilidades de retardamento da progressão da sarcopenia, cientistas americanos da Universidade de Pittsburgh produziram um roteiro de envelhecimento muscular em camundongos.
Com base no conhecimento de que a sarcopenia afeta a aparência e o comportamento dos tecidos musculares, a equipe de cientistas pretendia encontrar métodos terapêuticos que pudessem prevenir o declínio na mobilidade e função muscular em idosos, já que são pouco conhecidos os mecanismos moleculares subjacentes à perda de massa e função do músculo esquelético.
O estudo revelou quais moléculas no músculo são mais significativamente alteradas em diferentes estágios da vida, sendo que a chamada Klotho melhorou a força muscular, quando administrada em camundongos em idade avançada.
De acordo com um dos autores da pesquisa, alguns tratamentos farmacêuticos em ensaios clínicos têm atuado em mecanismos que também envolvem a proteína Klotho. “As evidências sugerem que os níveis diminuem gradualmente com a idade, por isso queríamos testar se a suplementação pode atenuar o desenvolvimento da sarcopenia”, afirma Zachary Clemens, que é doutorando no Departamento de Saúde Ambiental e Ocupacional da Universidade de Pittsburgh.
A metodologia do estudo consistiu em caracterizar e comparar as mudanças na estrutura, função e atividade do gene no músculo esquelético ao longo da vida dos camundongos, que foram agrupados em quatro categorias: jovem, meia-idade, velho e idoso.
Após a análise do peso e tipo de fibra muscular, da gordura acumulada e função do músculo esquelético, os pesquisadores perceberam que as características clínicas comuns da sarcopenia estavam presentes apenas nos camundongos idosos, embora os velhos tenham apresentado estágio leve da doença.
Já a interrupção progressiva em genes conhecidos por estarem associados às marcas do envelhecimento foi constada nas quatro categorias de idade, graças à observação das mudanças na atividade dos genes musculares.
Em seguida, os cientistas analisaram se a administração de Klotho teria efeitos benéficos na cicatrização muscular após a lesão. Houve redução das cicatrizes e aumento das estruturas associadas à produção de força em 17% dos animais mais velhos. Além disso, a resistência ao apoiar o peso corporal total foi 60% maior em comparação com os camundongos sem tratamento. Devido ao estágio inicial, mais estudos nesta área do conhecimento devem complementar os resultados.
“Nossos dados sugerem que o tratamento com Klotho pode ser mais eficaz em retardar a progressão da sarcopenia em um momento anterior, ao invés de resgatar doenças relacionadas à idade avançada, quando as respostas gênicas parecem ser mais aleatórias”, conclui a coautora Fabrisia Ambrosio, que é professora do Departamento de Medicina Física e Reabilitação da Universidade de Pittsburgh.