RN mantém suspensa vacinação de grávidas contra Covid-19


Imunização com a vacina de Oxford/AstraZeneca foi suspensa após recomendação da Anvisa e do Ministério da Saúde. Ainda não há prazo para retomada no estado com outras vacinas.

O Rio Grande do Norte mantém suspensa, nesta quarta-feira (12), a vacinação de mulheres grávidas com a vacina de Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19, após recomendação da Anvisa, que foi seguida pelo Ministério da Saúde. Ainda não há prazo para retomada da imunização desse grupo no estado. Até agora, os municípios potiguares só tinham vacinado gestantes com comorbidades.

Segundo o município de Natal, a Secretaria Municipal de Saúde aguarda orientação sobre qual imunizante usar para vacinação das gestantes. O estado e a capital não suspenderam a imunização de puérperas com comorbidades.

A recomendação do estado aos municípios, para a suspensão, foi feita por meio de uma nota informativa publicada nesta terça-feira (11), após a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendar a suspensão imediata da aplicação da vacina da AstraZeneca/Fiocruz nesse público.

O  Ministério da Saúde anunciou nesta terca-feira (11) que a vacina  de gravidas e de puérperas no Brasil  será restrita apenas as mulheres com comorbidades (doenças pré-existentes) e elas devem receber apenas as vacinas CoronaVac e Pfizer.

Alguns estados, como o  Rio de Janeiro,  estão usando as vacinas CoronaVac e da Pfizer para imunização das gestantes, entretanto, a CoronaVac está em falta no Rio Grande do Norte e o estoque do imunizante nos municípios está sendo usados exclusivamente para aplicação de segunda dose de pessoas que já estão com o reforço atrasado.

No caso da Pfizer, disponível apenas na capital potiguar, os últimos lotes recebidos são destinados a pessoas com idades entre 55 e 59 anos com comorbidades como diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, hipertensos, imunossuprimidos, pessoas com doenças respiratórias crônicas e com obesidade mórbida. A Secretaria Municipal afirma que aguarda orientação sobre o assunto.

A Secretaria de Saúde do Estado afirmou que analisa estratégias uso da Pfizer em todo o RN.

Investigação

 

A determinação do Ministério da Saúde vale até que sejam concluídas as análises de um caso raro de morte de uma gestante de 35 anos por causa de um acidente vascular cerebral hemorrágico (AVC) que pode ter ligação com o uso da vacina AstraZeneca. O óbito ainda está em investigação e, segundo o governo federal, ainda não está comprovado que a vacinação tenha causado a complicação na gestante.

“Esse caso está em fechamento, faltam alguns detalhes em relação a exames laboratoriais que estão em investigação para o fechamento conclusivo deste caso” – Franciele Francinato – Coordenadora do Programa Nacional de Imunizações

Antes dessa determinação, em 26 de abril, o ministério decidiu incluir todas as grávidas e puérperas (mulheres no período pós-parto) no grupo prioritário para receber a vacina contra a Covid-19. Em 15 de março, o governo já tinha incluído as gestantes com comorbidades.

Evento raro

 

Nesta tarde desta terça-feira (11), durante apresentação do Ministério da Saúde, o chefe do laboratório de imunologia do Incor e consultor do Programa Nacional de Vacinação, Jorge Kalil, disse que ainda não está confirmada a relação do caso com a vacina e que os eventos adversos deste tipo são raros.

“De forma alguma nós gostaríamos que se tivesse a ideia de que essa vacina causa problemas em mulheres grávidas. Não é assim. Esta vacina pode ter casos de trombose, são casos raríssimos, ocorrem em mulheres em idade fértil e que varia de 1 para 100 mil ou 1 para 500 mil pessoas vacinadas” – Jorge Kalil

Caso notificado à Anvisa

 

O caso levou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendar a suspensão do uso da vacina AstraZeneca contra Covid-19 em grávidas. A gestante morreu em 10 de maio e o caso ainda é investigado. Segundo a Anvisa, o “evento adverso grave de acidente vascular cerebral hemorrágico foi avaliado como possivelmente relacionado ao uso da vacina administrada na gestante”.

Apesar da recomendação, a Anvisa ressaltou que:

  • “Caso de trombose com plaquetopenia é um evento adverso muito raro, potencialmente relacionado a vacinas que usam adenovírus como plataforma tais como as vacinas de Oxford/Astrazeneca/Fiocruz e da Janssen, aprovadas para uso no Brasil”
  • “A bula da vacina Oxford/Astrazeneca/Fiocruz é Categoria C, isto é, os dados apresentados até o momento são insuficientes para fundamentar um risco associado com a vacina. Sendo assim, como medida de precaução, a vacinação de gestante não é recomendada”
  • “A Anvisa recomendou fortemente ao Ministério da Saúde a suspensão da vacinação de grávidas com a vacina Oxford/Astrazeneca/Fiocruz, como medida de precaução e com base na insuficiência de dados relacionados à segurança de uso por gestantes disponíveis até o momento;”
  • “A Anvisa mantém a recomendação de continuidade da vacinação com o referido imunizante dentro das indicações descritas em bula, uma vez que, até o momento, os benefícios superam os riscos.”

O que diz a AstraZeneca?

 

Em nota, a AstraZeneca afirmou que “mulheres que estavam grávidas ou amamentando foram excluídas dos estudos clínicos” da vacina. Veja íntegra:

“Referente a suspensão do uso da vacina AstraZeneca/Fiocruz por parte da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a AstraZeneca esclarece que as mulheres que estavam grávidas ou amamentando foram excluídas dos estudos clínicos. Esta é uma precaução usual em ensaios clínicos. Os estudos em animais não indicam efeitos prejudiciais diretos ou indiretos no que diz respeito à gravidez ou ao desenvolvimento fetal.”

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