Choque elétrico pode causar queimadura, fratura e complicação neurológica nas crianças


Conheça medidas preventivas para evitar esse grave acidente doméstico

Alexandre Raith, da Agência Einstein

 

Depois de mais de um ano de pandemia, os pais já inventaram de tudo para distrair os filhos que estão confinados em casa. Brincadeiras, jogos, leitura, acompanhamento das atividades escolares, entre tantas outras iniciativas que são realizadas, às vezes, ao mesmo tempo que estão trabalhando ou executando tarefas domésticas.

 

E é justamente aí onde mora o perigo. Nem sempre os pais conseguem manter as crianças sob supervisão, e elas podem mexer em um aparelho elétrico que está em funcionamento ou em uma tomada. A gravidade das lesões depende da intensidade da corrente elétrica, do caminho que esta percorre pelo corpo e da duração do contato com a fonte.

Portanto, a prevenção é a melhor forma de evitar o acidente doméstico. Veja os conselhos dados aos pais pela pediatra Renata Waksman, do Hospital Israelita Albert Einstein:

 

Nunca deixe as crianças brincar com tomadas, que devem ser cobertas com protetores;
Oriente e vigie para que não coloquem talheres ou outros objetos de metal nas tomadas e nos equipamentos elétricos;
Mantenha os filhos em outro ambiente enquanto estiver passando roupa;
Desligue os eletrodomésticos das tomadas após sua utilização, com os fios enrolados e presos atrás deles;
Guarde fios elétricos atrás de móveis ou embaixo de tapetes;
Nunca coloque aparelhos elétricos perto de locais com água;
Verifique o estado da rede elétrica rotineiramente;
Brinquedos ligados em tomadas ou com elementos que produzem calor não são recomendados para crianças de menores de 8 anos;
Impeça de brincar, empinar pipa, jogar bola junto à rede elétrica, ou em cima da laje ou na varanda descoberta das casas.

Em caso de choque elétrico, os pais devem prestar o socorro com segurança,para evitar que se tornem também uma vítima. A primeira medida é interromper o contato com a corrente de eletricidade.

 “Desligue a chave geral ou o disjuntor ou retire o fio da tomada, dependendo do que está ocorrendo. Se não for possível, remova o fio que está em contato com a criança, utilizando um objeto seco e não condutor, como um pedaço de madeira ou algo feito de borracha, uma corda ou ferramenta que esteja isolada. Já as mãos devem estar enroladas em um tecido grosso”, explica a pediatra do Hospital Albert Einstein.

Em seguida, ela aconselha avaliar se a criança está respirando, com pulso, batimentos cardíacos e respondendo ao chamado. Se for necessário, inicie as manobras de ressuscitação e chame o serviço de emergência ou o corpo de bombeiros.

As queimaduras são os tipos mais frequentes de lesões decorrentes de choque elétrico e podem afetar todo o corpo, desde o lábio inferior, a língua e as mãos até os músculos e ossos, ocasionando dores, rupturas musculares, fraturas e luxações. Já nos olhos, se atingidos, pode surgir catarata no futuro.

O procedimento para tratar as queimaduras de primeiro grau (superficiais, com vermelhidão local) ou de segundo grau (com bolhas) consiste em resfriá-las em água corrente por pelo menos 10 minutos. Já a recomendação para cuidar das de terceiro grau (profundas, com grande destruição e indolores) é diminuir o calor dos ferimentos com gazes ou panos estéreis molhados, sem apertar nem esfregar, até o socorro chegar. Outra dica é retirar ou recortar ao redor das lesões as roupas queimadas, joias ou qualquer objeto que esteja junto ao corpo, antes que a pele comece a inchar.

O choque elétrico também pode lesar gravemente o coração e os pulmões. “Desencadeia arritmias e infarto, além de pneumonia por aspiração e lesões pulmonares pelo calor, com insuficiência respiratória grave”, alerta Renata. “Além de complicações neurológicas, como agitação, perda de consciência, dor de cabeça, perda de memória, déficits motores ou sensoriais, convulsões e vasculares, como hemorragia na área queimada, trombose e inflamação dos vasos.”

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