Priscila Carvalho, da Agência Einstein
Um estudo apresentado no domingo (16) durante o congresso American College of Cardiology mostrou mais uma novidade no tratamento de pacientes com COVID-19 que apresentam trombose.
Para prevenir a formação de trombos em pacientes hospitalizados, médicos recorrem a anticoagulantes em doses baixas (dose profilática). A dosagem mais alta é denominada terapêutica e é frequentemente usada em pacientes que fizeram trombose.
Agora, nova pesquisa realizada pela Coalizão COVID-19, integrada pelos hospitais Albert Einstein, Sírio-Libanês, Moinhos de Vento, Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet) revelou que pacientes que tinham risco de trombose e recebiam doses terapêuticas do anticoagulante rivaroxabana não melhoraram os resultados clínicos ou tiveram redução na mortalidade.
Para a análise, os cientistas acompanharam 3331 pacientes desde junho de 2020 até fevereiro de 2021. Desses, foram incluídos 615 pacientes com os seguintes critérios: diagnóstico de Covid-19, sintomas relacionados à internação menor ou igual a 14 dias e exame de sangue positivo para maior tendência a formar coágulos. Deste grupo, 311 pacientes receberam a anticoagulação terapêutica por 30 dias e 304 a profilática durante o tempo de hospitalização.
Depois desse período, os médicos observaram que não houve redução significativa na ocorrência de trombose. “O estudo demonstrou que a dose mais alta de anticoagulante oral até pode diminuir discretamente os eventos trombóticos. No entanto, há aumento significativo no risco de ocorrência de hemorragia”, afirma Renato Delascio Lopes, cardiologista e professor de medicina da Universidade de Duke (Estados Unidos).
Os resultados também mostraram ausência na diferença estratégica testada no tempo de internação, número de óbitos e uso do oxigênio em pacientes.
A conclusão é que a rivaroxabana não deve ser usado de forma rotineira em pacientes internados com covid-19 e que tenham história de trombose documentada. “A informação ajudará os médicos na adoção de tratamentos mais embasado em evidências científicas de qualidade”, finaliza.