Fazer listas é uma maneira de ordenar a vida que costuma gerar diversos benefícios: combater a procrastinação, administrar o tempo de modo mais eficaz, evitar o esquecimento de compromissos ou tarefas importantes são alguns.
Em geral, as listas estão associadas à esfera profissional, onde, independentemente da área, o planejamento é um fator essencial. Porém, para a saúde mental elas também proporcionam efeitos positivos, pois ajudam organizar os pensamentos e aumentam a sensação de controle.
“Listar recursos internos e externos aos quais você pode recorrer em um momento desafiador, por exemplo, ajuda a reduzir a ansiedade. Além disso, enquanto estamos listando, temos a oportunidade de refletir sobre o tema da lista e identificar aquilo que é realmente importante. Conseguimos priorizar, entender o que é essencial, planejar. Isso diminui a sensação de sobrecarga”, diz Adriana Drulla, mestre em psicologia positiva pela Universidade da Pensilvânia (EUA) e pós-graduada em terapia focada em compaixão pela Universidade Derby (Inglaterra).
As listas ainda podem servir como uma maneira de traçar objetivos futuros, seja de curto, médio ou longo prazo. Elas podem também estar relacionadas aos desejos que a pessoa tem para sua vida, o que é favorável à saúde mental, segundo a psicóloga Flávia Teixeira, mestre em saúde coletiva pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e docente da pós-graduação em psicologia hospitalar na mesma instituição.
“Ter objetivos e desejos nos mantêm vivos, conectados e motivados a alcançar realizações e conquistas. Quando percebemos que somos capazes de desejar, que temos objetivos, nos damos conta de nossa potência de vida”, diz ela. Nossa autoestima e nosso humor tendem a, consequentemente, aumentar e nos impulsionar a nos mantermos em constante movimento em busca do que queremos para nossas vidas.
À medida que os itens de uma lista são “ticados”, a autoconfiança ganha um upgrade. “Também é interessante perceber que, a cada tarefa realizada, a sensação de prazer obtida com com pensamentos do tipo ‘sou capaz’ acaba elevando a automotivação”, completa Antônio Chaves Filho, psicólogo do Hospital Santa Mônica, em São Paulo (SP).
A lista pode ser feita da maneira que for mais conveniente e prática para a pessoa, mas os especialistas recomendam o papel. “Listar no papel possibilita uma visualização maior, uma vez que no celular há o risco de o excesso de aplicativos funcionar como um elemento de distração, levando ao esquecimento das listas”, comenta Joselene Alvim, psicóloga especialista em neuropsicologia pelo setor de neurologia do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e coordenadora do curso de especialização em neuropsicologia da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista).
O papel pode ser colocado em um lugar visível, sempre à mão, e funcionar não só como um lembrete, mas como um instrumento de consulta e direcionamento. “A importância de se escrever é que, ao contrário do ato de digitar, estimulo regiões nobres do cérebro que tem como consequência uma melhora significativa na memória e na cognição”, observa Filho.
Sugestões de temas que promovem o bem-estar
Não sabe por onde começar? A seguir, veja algumas sugestões de listas que melhoram o humor e promovem bem-estar:
Roda da vida “inspired”: a roda da vida é uma ferramenta de avaliação pessoal bastante utilizada em processos de coaching para identificar se as 12 áreas mais relevantes da vida estão bem equilibradas, ou seja, averiguar se uma ou outra vem exigindo mais atenção. As áreas são: saúde e disposição, desenvolvimento intelectual, equilíbrio emocional, realização e propósito, recursos financeiros, contribuição social, família, relacionamento amoroso, vida social, espiritualidade, plenitude e felicidade e criatividade, hobbies e diversão. “A partir desses tópicos, é possível elaborar metas e objetivos a serem alcançados semanalmente, mensalmente e anualmente e, assim, melhorar as relações.
Atividades restaurativas: a ideia é listar atividades que você sabe que dão prazer, principalmente aquelas que, por alguma razão, não desenvolve há tempos ou que sempre quis realizar e nunca colocou em prática. Por exemplo dançar, tocar um instrumento, falar um novo idioma, desenvolver um hobby etc. Em tempos de pandemia, é possível aprender tudo isso via aulas online (inclusive no YouTube).
Os favoritos de todos os tempos: listá-los vai ser divertido, uma verdadeira higiene mental, além de estimular a memória e trazer boas lembranças. Ideias: música, disco, show, livro, série, lugar, filme, banda, artista, professor, cidade, viagem etc.
Ações envolvendo organização: coisas para arrumar em casa, como ter mais tempo, reparos, objetos de decoração ou peças de roupa para comprar.
Planos simples: livros que gostaria de ler, clássicos do cinema ou comédias que deseja ver, amigos que quer rever após a pandemia e por aí vai.
Metas e projetos: aqui entram os lugares que gostaria de conhecer na cidade onde mora, viagens que pretende fazer, o que esperar da vida em cinco anos e até mesmo resoluções, que não necessariamente devem aguardar o Réveillon para serem colocadas no papel ou começarem a ser cumpridas. Listas que podem ajudar a construir recursos emocionais: elas ajudam a diminuir a ansiedade, fortalecer a resiliência e/ou a encontrar possíveis caminhos diante de um problema, segundo Drulla.
Exemplos: o que ajudou a superar um momento difícil no passado, atividades que acalmam, pessoas a quem se pode recorrer em um momento de dificuldade, realizações e conquistas ao longo da vida.
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