Obstrução intestinal e soluço: qual a relação entre os dois e como tratar


Queixando-se de soluço por mais de 10 dias, o presidente Jair Bolsonaro foi diagnosticado com bloqueio na passagem do bolo fecal; entenda como casos como esse podem ser atendidos

Após ter soluços por mais de 10 dias, o presidente Jair Bolsonaro foi atendido no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, com dores abdominais, na madrugada de quarta-feira (14). Em seguida, ele foi transferido para o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde médicos o submeteram a um tratamento enquanto avaliam necessidade de cirurgia.

Bolsonaro recebeu o diagnóstico de obstrução intestinal, um quadro que ocorre quando há um bloqueio que impede a passagem do bolo fecal pelo intestino delgado ou grosso (também chamado de cólon). Ele já havia tido o mesmo problema em setembro de 2018, depois que passou por uma cirurgia para corrigir uma distensão abdominal.

Os soluços tem relação com a obstrução intestinal?

Além de poderem estar relacionados com fadiga, insônia e estresse, soluços persistentes, que duram pelo menos 2 dias, podem ser causados por diversos problemas gastrointestinais, segundo o centro de informações do governo norte-americano Genetic and Rare Diseases Information Center (GARD).

O sintoma é, sim, comum em casos de obstrução intestinal, conforme citou o já falecido professor James D. Collins, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, em um artigo sobre um caso no site médico HCP live.

Durante sua live semanal, no último dia 8 de julho, Bolsonaro citou os soluços. “Estou há uma semana com soluço, talvez não consiga me expressar bem nessa live”, afirmou o presidente. No dia 13 de julho, ele ainda apresentava o sintoma em conversa com apoiadores. “Pessoal, eu estou sem voz. Se eu começar a falar muito, volta a crise de soluço. Já voltou o soluço”, disse.

Quais são os sintomas e causas da obstrução instestinal?

Segundo a organização hospitalar norte-americana Mayo Clinic, a obstrução do intestino pode gerar muitos outros desconfortos além dos soluços e dores abdominais. Pacientes com esse quadro podem ter perda de apetite, prisão de ventre, vômito, dificuldade para evacuar ou liberar gases e ainda sofrerem inchaço no abdômen.

A questão é causada por hérnias, câncer de colo, o uso de certos medicamentos e enfermidades como a doença de Crohn (inflamação crônica do revestimento dos intestinos), e diverticulite, na qual uma resposta inflamatória ocorre na parede interna do intestino.

Porém, a obstrução intestinal também está relacionada a aderências no órgão. Ou seja, faixas de tecido fibroso na cavidade do abdômen formadas após uma cirurgia abdominal ou pélvica. Bolsonaro, inclusive, passou por procedimentos cirúrgicos abdominais no passado.

Pode gerar complicações?

A obstrução intestinal não tratada gera a morte do tecido do intestino, uma vez que pode interromper o suprimento de sangue, resultando até na perfuração de áreas da parede do órgão. Além disso, pode ocorrer uma infecção na cavidade abdominal, condição que coloca a vida do paciente em risco e exige intervenção médica ou cirúrgica imediata.

Como é o tratamento?

Para evitar complicações, a pessoa diagnosticada com obstrução intestinal deve ser hospitalizada. É possível realizar uma aspiração com uma sonda nasogástrica para descomprimir o líquido acumulado no intestino – tratamento que já foi realizado em Bolsonaro. Em seguida, o paciente fica de jejum e é hidratado até que melhore.

Porém, se o caso for mais sério, os médicos podem cogitar cirurgia. De acordo com o Manual MSD para profissionais de saúde, 85% dos episódios em que a obstrução do intestino delgado é completa requerem intervenção cirúrgica. Em caso de obstruções parciais, também em 85% das ocorrências o bloqueio desaparece com tratamento sem procedimento cirúgico.

REVISTA GALILEU

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