Umami é o sabor mais afetado pela perda de paladar causada por Covid-19


Estudo brasileiro comparou a perda de sensibilidade do paladar humano em pacientes infectados pelo Sars-CoV-2 com indivíduos que têm outras síndromes respiratórias

A perda de paladar (tecnicamente conhecida como hipogeusia) é um sintoma comum da Covid-19. Agora, sabemos que o umami e o azedo são os sabores mais prejudicados por essa condição, conforme indica um artigo publicado nesta quarta-feira (28). Disponível no periódico Oral Diseases, o estudo foi liderado por pesquisadores brasileiros da Faculdade de Medicina e Odontologia São Leopoldo Mandic e comparou os impactos do Sars-CoV-2 e de outras doenças respiratórias no corpo humano.

No total, 166 pacientes adultos participaram da pesquisa: 85 infectados com Covid-19, dos quais 71% relataram comprometimento significativo de gustação, e 81 diagnosticados com outras síndromes respiratórias, dos quais 15% registraram disfunção do paladar. Os pesquisadores notaram também uma diferença de tempo: o primeiro grupo apresentou a deficiência por, em média, 6 dias, enquanto esse número caiu para 3 dias no segundo grupo.

Os dados foram coletados por questionários online entre março e abril de 2020. Além de constatar se houve ou não perda de paladar, foi possível investigar quais dos cinco tipos de gosto foram mais afetados pela falta de sensibilidade. Doce foi representado por açúcar e sorvete, salgado foi descrito por carnes e batata frita, azedo correspondia a frutas e refrigerantes, amargo se relacionava a espinafre e rúcula e, por fim, umami estava associado a queijo e molho de soja (shoyu).

Entre os 60 participantes com Covid-19 que vivenciaram a hipogeusia, 39 (65%) declararam baixa percepção do umami (ou glutamato). Já entre os 12 indivíduos com outras síndromes respiratórias que tiveram sintoma similar, apenas 3 (25%) perderam a sensibilidade desse quinto gosto que compõe o paladar humano.

Entre os outros sabores, não foi observada uma disparidade tão grande. Os afetados pelo coronavírus apresentaram 98% de deficiência quanto ao salgado, 73% quanto ao doce e 62% quanto ao amargo. Os valores daqueles com outras doenças respiratórias foram: 100% para salgado, 58% para doce e 50% para amargo.

No artigo, os pesquisadores reconhecem que mais estudos ainda são necessários, mas também afirmam que os resultados podem oferecer uma ferramenta de triagem clínica para testagem de casos não sintomáticos e representam outra maneira de detectar possíveis infecções de Covid-19. “Em caso de falta de testes e da ausência do sabor específico, é possível auxiliar com o diagnóstico e o isolamento. Porém, vale lembrar que nem sempre o paciente vai apresentar hipogeusia”, comenta o pesquisador Marcelo Sperandio.

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