Entrar na puberdade antes da hora pode trazer problemas para as meninas e os meninos. Mas, principalmente com um diagnóstico acertado, há o que fazer nessas situações
Alexandre Raith, da Agência Einstein
Entre as transformações típicas da puberdade, observa-se aceleração do crescimento, redistribuição de gordura, aumento da massa muscular, surgimento de pelos de forma mais intensa, desenvolvimento genital. No entanto, tais alterações têm tempo certo para acontecer. O período considerado normal varia entre 8 e 14 anos nas meninas e entre 10 e 15 anos nos meninos. Se esse processo ocorre antes — condição conhecida como puberdade precoce —, pode trazer consequências, principalmente se não houver um acompanhamento adequado.
Um dos efeitos mais observados é a baixa estatura. O indivíduo até cresce antes dos colegas, mas pode não chegar ao seu potencial máximo. Com o passar do tempo, ele é ultrapassado pelos amigos.
Além disso, a puberdade precoce prolonga o tempo de exposição das mulheres ao estrogênio, um hormônio feminino. “E isso aumentaria o risco de câncer de mama e de endométrio”, afirma Lorena Lima Amato, especialista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). “Além disso, as mudanças psicológicas típicas da puberdade ocorrem antes do período em que a criança estaria preparada para isso”, completa.
A endocrinologista conta que alterações comportamentais, estirão do crescimento, aparecimento de pelos pubianos e nas axilas e acne antes dos 8 anos no sexo feminino e dos 10 anos no masculino podem ser sinais do início precoce da puberdade. Segundo Lorena, o pelo que acusa o princípio dessa fase da vida é mais espesso, pigmentado e encaracolado.
O acompanhamento médico periódico é essencial para avaliar o desenvolvimento das crianças e dos jovens. Se for necessário, o profissional indicará testes de sangue para dosar hormônios sexuais e exames como a ultrassonografia, que permitem averiguar a evolução de útero, ovários e testículos, além da idade óssea. Já a intervenção terapêutica depende do diagnóstico.
Boa parte dos casos de puberdade precoce não tem uma causa conhecida —especialmente nas meninas. “Nessas situações, geralmente o tratamento consiste em medicamentos injetáveis que bloqueiam a ação de certos hormônios”, explica Lorena.
Certos tumores também podem se instalar perto da hipófise, uma glândula localizada na base do cérebro que produz hormônios que modulam o desenvolvimento das crianças. E, com isso, podem instigar a puberdade precoce. Cirurgias para lidar com esses tumores ajudam a contornar o quadro.