Estudo com anticorpos revela perigo de não tomar 2ª dose contra Covid-19


Em artigo publicado na revista “Nature”, pesquisadores também ressaltam que infecções prévias por Sars-CoV-2 não garantem proteção contra nova contaminação

Um estudo publicado nesta segunda-feira (30) no periódico Scientific Reports, da revista Nature, demonstra que contrair Covid-19 não garante um nível alto de anticorpos e mostra que, após apenas uma dose de vacina, não há garantia de uma proteção robusta. Os resultados indicam que pessoas recuperadas da doença não estão completamente protegidas de episódios de reinfecção e ressaltam a importância da aplicação da segunda dose em toda a população.

Liderado por pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, o artigo avaliou exames de sangue de 27 adultos, com idade média de 40 anos, que tomaram Pfizer (59,3% dos indivíduos) ou Moderna (40,7%). Deles, 13 testaram positivo para Sars-CoV-2 e 14 apresentaram resultado negativo. A partir disso, foi possível analisar por quanto tempo dura a imunidade conferida pelas vacinas de RNA mensageiro e quão eficientes elas são diante das variantes de preocupação do vírus.

Com amostras enviadas pelos participantes entre duas e três semanas depois da primeira e da segunda dose e dois meses após completarem o ciclo vacinal, os especialistas fizeram testes de anticorpos neutralizantes. Em laboratório, eles observaram a capacidade do sangue de inibir a interação entre a proteína spike do coronavírus e o receptor ACE2 das células humanas por meio da qual o Sars-CoV-2 causa a infecção ao entrar no nosso corpo.

A taxa média de inibição foi de 98% para exames coletados três semanas depois da aplicação da segunda dose, o que indica um alto índice de anticorpos neutralizadores. Em geral, o nível de anticorpos IgG aumentou em cinco vezes de uma dose para a outra. Porém, frente às variantes Beta (B.1.351), Alfa (B.1.1.7) e Gama (P.1), a proteção caiu para entre 67% e 92% com a segunda dose — somente com a primeira, esses números variaram de 27% a 46%.

Dois meses após a segunda dose, os pesquisadores concluíram que as respostas dos anticorpos diminuíram em 20%. A redução também mudou conforme o histórico de infecção por Covid-19: pessoas que foram contaminadas e tiveram vários sintomas desenvolveram uma resposta mais forte. “Para indivíduos com quadros leves ou assintomáticos, a resposta de anticorpos à vacinação é, essencialmente, a mesma de quem não foi infectado”, explica, em nota, o pesquisador Thomas McDade.

“Muitas pessoas acreditam que uma exposição anterior ao vírus irá conferir imunidade à reinfecção. Com base nessa lógica, alguns irão pensar que não precisam ser vacinados ou necessitam apenas da primeira dose”, alerta McDade. Por isso, o estudo reforça a importância da segunda dose da vacina. Além de sabermos que o efeito dos imunizantes pode diminuir com o tempo, as novas variantes representam um risco maior à saúde das comunidades.

Os cientistas ressaltam que, apesar da pesquisa ter sido conduzida antes da emergência da variante Delta (B.1.617.2), as conclusões para essa cepa do vírus são similares: a proteção fornecida pelas vacinas é boa, mas elas foram feitas com base na versão original do Sars-CoV-2.

“Combinando isso com o fato de que a imunidade cai com o tempo, há uma maior vulnerabilidade a infecções em pessoas vacinadas”, diz McDade. “Portanto, agora são dois golpes: a Delta e uma imunidade decrescente entre o primeiro grupo de imunizados.”

 

REVISTA GALILEU

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