Pesquisa canadense demonstra que pessoas que passam mais de oito horas em hobbies que não envolvem exercício estão mais próximas de um acidente vascular cerebral (AVC)
Por Cristiane Santos, para a Agência Einstein
O lazer sedentário (assistir televisão, ler, mexer no celular, usar o computador, jogar videogame) pode aumentar o risco de AVC entre adultos. É o que mostra um estudo publicado no periódico científico Stroke, da Associação Americana do Coração.
Ao revisarem registros canadenses de saúde e estilo de vida, pesquisadores da Universidade de Calgarydescobriram que adultos com menos de 60 anos que gastam oito ou mais horas do dia em lazer sedentáriotêm sete vezes mais chance de sofrer um AVC.
Os cientistas analisaram as informações de 143 mil adultos sem episódios de derrame, doença cardíaca ou câncer que participaram da Pesquisa de Saúde da Comunidade Canadense nos anos 2000, 2003, 2005 e no intervalo de 2007 a 2012.
Durante um acompanhamento de quase uma década— concluído em 31 de dezembro de 2017 —, foram registrados 2 965 AVCs. A partir daí, os pesquisadores verificaram o tempo que cada um dos 143 mil participantes gastou com atividades sedentárias. Os voluntários foram separados em quatro grupos:
O tempo médio de sedentarismo no lazer foi de quase quatro horas por dia entre adultos com menos de 60 anos. Mas no grupo que relatou oito ou mais horas de lazer sedentário e baixa atividade física, o risco de AVC se mostrou sete vezes maior.
“As pessoas devem estar cientes de que comportamentos sedentários podem ter efeitos adversos na saúde”, afirmou Raed Joundi, principal autor do estudo, ao site da Associação Americana do Coração.
O cientista esclareceu que a análise do tempo sedentário dos voluntários do estudo não considerou o período de trabalho. Segundo ele, cada vez mais as pessoas se divertem com hobbies que envolvem pouco exercício, o que pode favorecer problemas de saúde.
Em brasileiros entre 50 e 59 anos, o tempo dedicado a atividades como ver TV passou de 2 horas e 12 minutos para 3 horas e 15 minutos durante a pandemia. O uso de tablets ou computador também ganhou mais tempo: saiu de 3 horas e 25 minutos para 4 horas e 13 minutos.
Os dados são da Pesquisa ConVid de Comportamentos, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).