Psicologia: A receita pronta do sucesso 1

Por Sâmela Gomes, sócia fundadora do Instituto Personaly

Talvez uma das receitas mais requeridas, desejadas – e que ajuda a vender livros – seja aquela que ensina a todos a como se ter sucesso. Há ainda, na mente de muitos, a ideia de que o sucesso tem uma fórmula, ingredientes específicos, uma maneira de misturar, mexer, temperar, para que ao final de um tempo… voilà! Apareça como resultado ao final, assim como um bolo perfeito que não sola. E degusta-se para sempre. 

Sucesso tem sido produto de consumo e desejo: vê-se tão fácil nas muitas histórias contadas que basta ter acesso ao modo de reproduzi-las. Pensamento positivo, autoconfiança, marketing pessoal, mandinga, tudo vale para alcançar o topo. 

Infelizmente não tenho a receita e peço desculpas se cheguei até aqui fazendo alguém crer que a encontraria neste artigo. Sucesso é um caminho – que precisa ser cuidado, compreendido e muitas vezes é necessária ajuda especializada para isso.

Contudo, é comum ouvir questionamentos, principalmente entre e até mesmo seus pais que muitas vezes se perguntam: como faço para meu filho ter sucesso? Em sendo uma questão tão eminente, é pertinente que façamos uma reflexão sobre: por que o sucesso não é a chegada e sim o caminho?  

Se sucesso fosse a chegada, o produto ao final, o ponto último de uma trajetória, então teríamos que admitir que o sucesso seria o fim de uma vida. Depois dele, nada mais existiria, a não ser o mais do mesmo; nada para aprender, para desenvolver, a acrescentar. Sucesso como finalidade significa caminho sem recompensa no meio, uma história sem grandes êxtases, pois estes só se encontrariam no fim da estrada. Pensar Sucesso como ápice nos leva a pensar em estagnação – ficar no cume da montanha, ou o que é pior: depois dele só a derrocada – descer montanha abaixo. As duas formas são terríveis.  

Sempre que me deparei com estas perguntas, fossem feitas por meus alunos ou por pais ansiosos em meu consultório me pedindo receitas de como transformar seus filhos em adultos bem-sucedidos, sempre fiz a mesma pergunta: você está feliz com este ponto do seu caminho? Como se sente agora? Bem-sucedido ou derrotado? Viveria sua vida novamente até este ponto? (esta última pergunta não é minha: Nietzsche a fez antes de mim). Sucesso, a partir de uma outra perspectiva, é trajetória, é caminho e não fim. Não é o pote de ouro no fim do arco-íris: sucesso é o próprio arco-íris.  

Sucesso é fazer escolhas ao longo da vida que tragam uma sensação que parece estranha em falar, pois não remetem à riqueza, à fama, ao pódio final: a sensação de que se é melhor sem fazer ninguém pior. Sucesso, nesta perspectiva, seria, pois, construção. Em se falando em carreira, é experienciar a escolha em ser médico, pedagogo, psicólogo, engenheiro… estandoainda no começo, e ir construindo-se cada dia um pouco mais. As realizações começam antes.  

Se o sucesso está no caminho, o que é tê-lo, pois?  

Daí vem uma mudança de prisma: sucesso não se tem. Se vive.   

Afirmar quem se é, orgulhar-se de si, do que faz, do que produz, da vida que constrói, dos amigos que fez, dos amores que viveu, das tristezas que sentiu, das alegrias que marcaram momentos importantes… significauma vida que de tão bem-sucedida, vale a pena ter sido vivida, contada aos filhos, recontada aos netos. 

Sucesso, neste prisma, não se fez por receita; se fez por vivências. E se ainda insistem e me perguntam: mas e o dinheiro? 

Bem, até onde sei, dinheiro se faz com trabalho. E trabalho bom se faz com sucesso de vida. A satisfação de se fazer o que se gosta e orgulhar-se do que faz ainda tem sido a melhor forma de produzir. O dinheiro é consequência. Se não tiver sido encarado como fim. 

Caso não consiga pensar em sua vida desta forma, há sempre a possibilidade de ajuda neste sentido. Psicoterapia ou Mentoria Psicolaboral podem fazer uma grande diferença para uma nova consciência do que seja o sucesso.

Por: Sâmela Gomes

Sócia Fundadora do Instituto Personalli